Técnico da Aparecidense agarra oportunidade e mira título da Série D



Aos 33 anos, Thiago Carvalho ainda teria idade para seguir carreira como jogador de futebol. Sucessivas lesões no joelho, porém, levaram o ex-zagueiro de Cruzeiro e Ceará a pendurar as chuteiras em 2018, na Aparecidense. Atualmente, ele ajuda o time goiano, no qual se aposentou dos gramados, a escrever um dos capítulos mais importantes em seus 36 anos de história.

Comandado por Thiago, o Camaleão – como é conhecida a Aparecidense – começa a decidir neste sábado (6), às 16h (horário de Brasília), o título da Série D do Campeonato Brasileiro diante do Campinense. A partida de ida será no estádio Amigão, em Campina Grande (PB), com transmissão ao vivo da TV Brasil. O clube já está garantido na Série C do ano que vem.

O curioso é que, em condições normais, não seria o ex-zagueiro o responsável pela Aparecidense. Treinador da equipe sub-20, Thiago assumiu o elenco principal pouco antes da estreia na Série D do ano passado, após o técnico Romerito e o auxiliar Weslley Morais testarem positivo para o novo coronavírus (covid-19). O trabalho agradou à diretoria do Camaleão, que o efetivou e proporcionou a primeira experiência à frente de um time profissional.

“Sabia que no momento que tivesse uma oportunidade, faria as coisas acontecerem. Mas não esperava que fosse desta maneira. Parece que estou há muito tempo como treinador, mas não. Um ano e dois meses, sem parar. É desgastante. Disputamos cinco campeonatos, chegamos em todos [além das participações na Série C, foram duas semifinais de Campeonato Goiano e uma queda nas oitavas de final da Copa Verde de 2020]. Por mais que imaginasse e acreditasse, é surreal, com certeza, ter uma oportunidade de ser campeão brasileiro tão rápido assim”, comentou Thiago à Agência Brasil.

“Eu me preparei. Não aconteceu por acaso. Estudei e tive experiências como auxiliar. Não preciso errar para aprender, posso aprender com o erro dos outros. Sou um cara que observa muito. Tenho minha experiência como jogador também. Tudo isso me trouxe uma bagagem, estudando, para que pudesse aproveitar a oportunidade. Ela apareceu e acho que estava preparado. Mas tenho muita coisa para aprender. Estou só começando”, completou o treinador.

Na edição passada da Série D, Thiago e o time goiano bateram na trave. Chegaram às quartas de final, fase que definiria o acesso à Série C, mas caíram para o futuro campeão Mirassol com duas derrotas (1 a 0 e 3 a 2). Desta vez, no confronto contra o Uberlândia, a história foi diferente. Com uma vitória fora de casa, por 1 a 0, e um empate por 1 a 1 como anfitriã, a Aparecidense obteve a inédita promoção à terceira divisão nacional.

“[Em 2020] eu tinha um time que gostava de ser agressivo e alimentei isso com muita força. Eu acho que a gente tinha todas as condições de passar [do Mirassol]. A atmosfera criada foi muito grande, de entrar na história do clube, meio que como uma obrigação. Neste ano, fiz um pouco diferente. Tentei apaziguar toda essa atmosfera e deixar os atletas tranquilos, para que continuássemos a ter disciplina. Acho que isso fez diferença. O clima foi mais leve nos jogos decisivos. Foi um aprendizado”, comparou o ex-zagueiro.

Além de tranquilidade, o atual elenco da Aparecidense mostrou ter mais equilíbrio em relação ao do ano passado. Em 2020, o Camaleão marcou 44 gols (média de 2,2 por jogo), mas foi vazado 22 vezes (1,1 por partida). Neste ano, em 22 participações, a equipe goiana não guardou tantas bolas na rede (29), mas sofreu bem menos gols (14).

“Essa diferença vem muito da reformulação do elenco. Esse grupo [atual] tem uma característica diferente, um jogo de maior imposição em alguns setores. No ano passado, éramos um time um pouco mais exposto, por característica. O de agora é mais pé no chão, não é tão afoito. Ser ofensivo e marcar bem tem sido fundamental”, analisou o técnico, que creditou a classificação à final justamente à atuação defensiva da equipe no duelo de volta contra o ABC, há uma semana, apesar da derrota por 1 a 0 no estádio Frasqueirão, em Natal.

“Gosto muito de jogar para frente, mas neste jogo erramos bastante na construção e acabamos sofrendo uma pressão grande. Por outro lado, a parte defensiva foi espetacular, onde conseguimos segurar o ABC. A gente praticamente só deu oportunidade para chutarem de longe. Foi um grande jogo, bem difícil. Aguentamos muito bem e acho que fomos merecedores por tudo o que fizemos no primeiro jogo [vitória da Aparecidense por 4 a 2, em casa]. Tenho certeza de que em Campina Grande será [difícil] da mesma maneira, mas temos que dar uma resposta melhor na parte ofensiva”, avaliou.

A Aparecidense tem a melhor campanha entre os finalistas, com 42 pontos somados, três a mais que o Campinense. Por isso será o anfitrião do jogo de volta, no próximo sábado (13), às 15h, no estádio Anníbal Toledo, em Aparecida de Goiânia (GO). Se conquistar o título, o Camaleão será o primeiro time goiano a vencer a Série D e o quarto a levantar uma taça nacional, repetindo Goiás, Vila Nova e Atlético-GO.

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