Mês da Adoção: psicologia é essencial para o processo



Especialista explica a contribuição da avaliação psicológica durante toda a adaptação; Dia Nacional da Adoção, celebrado em 25 de maio, busca a conscientização sobre o tema

A adoção revela que, apesar do desejo explicitado de ter um filho, algumas necessidades específicas de cada sujeito, como reflexos de suas histórias psíquicas, repercutem diretamente na relação a ser estabelecida com a criança. Já em algumas crianças abrigadas, observamos o desejo de serem adotadas e, ao mesmo tempo, uma idealização da família de origem juntamente com o esforço para conservar uma imagem positiva dos genitores. “Logo, poderão expressar uma resistência diante dos pais adotivos, em uma tentativa de preservar os laços com sua história de origem, mas também, ao contrário, buscar assumir de forma precipitada uma nova identidade, pelo receio de não serem aceitas”, revela a psicanalista Cinara Cordeiro.

Embora a experiência de cada indivíduo possa variar, para muitos, a jornada será uma faca de dois gumes. Ela traz uma grande quantidade de felicidade e um número igual de desafios. “Se a sua vida foi afetada pela adoção, você pode estar procurando algumas respostas para perguntas específicas, e buscar a ajuda de um psicólogo pode ser muito interessante nesse momento”, frisa.

A adoção  é vista como uma solução positiva para uma situação negativa que deve levar à felicidade e gratidão. Aqueles que não têm experiência de adoção podem acreditar que crianças e adolescentes devem sentir alívio e, finalmente, apreço quando forem adotados. Porém, a realidade da situação pode ser muito diferente. Indivíduos que são adotados quando crianças podem enfrentar emoções difíceis e conflitantes. “Algumas crianças colocadas para adoção passam meses ou anos aguardando por uma família. Podem ser transferidos de instituições e todos os problemas que enfrentam sem o apoio real de uma unidade familiar pode ser traumático para uma criança de qualquer idade”, alerta Cinara.

Entra em cena a psicoterapia

Um especialista em processos de adoção pode contribuir em muitos aspectos. “Entender e explorar a maneira como essas pessoas estão se sentindo, desenvolver novas estratégias de enfrentamento, encontrar e ajudar com maneiras de gerenciar o estresse, além de ajudar a entender os efeitos ao longo da vida quando uma pessoa passa pela adoção são alguns dos beneficios”, cita.

Suponha-se, um adulto que foi adotado quando criança e que agora está passando por depressão pode se beneficiar da psicanálise. “É uma terapia que se concentra nos pensamentos profundamente enraizados do inconsciente de um indivíduo que foram desenvolvidos durante a infância”, conta a psicanalista.

Por haver vários contextos que precisam ser profundamente analisados por todos os envolvidos. “O processo de adoção é longo e detalhado, passando por vários profissionais altamente competentes que farão as devidas avaliações se uma família está, de fato, apta a fazer uma adoção”, finaliza.

Fonte: Cinara Cordeiro, escritora, psicanalista e terapeuta familiar, especialista em adoção.

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