Emirados Árabes: entre a tradição e a modernidade



Impulsionado pela descoberta do petróleo e com quase 3 milhões de habitantes, sendo 80% deles estrangeiros, os Emirados Árabes Unidos (EAU) têm atraído turistas do mundo inteiro. Este é o tema do programa Caminhos da Reportagem deste domingo (19), às 22h.

Dubai, principal destino de quem chega ao país, é cosmopolita e impressiona pelo futurismo e grandiosidade. Ali também está o maior shopping do mundo, o maior arranha-céu e o hotel mais luxuoso. Outra grande atração é o Museu do Futuro, considerada a joia arquitetônica da cidade. Lá é possível fazer uma viagem no tempo e imaginar o mundo e a tecnologia daqui a 50 anos. Por meio de exposições imersivas e inteligência artificial, o museu oferece entretenimento e conscientização sobre soluções sustentáveis e sobre o futuro da humanidade no planeta. 

Mas além da modernidade, Dubai preserva fortemente suas tradições. Seja nos famosos souks (mercados populares que vendem de tudo) ou no maior mercado de ouro do mundo, há opção para todos os gostos e bolsos. No bairro histórico de Al Fahidi, restaurado há 20 anos, é possível ter uma ideia de como os árabes viviam nos séculos passados. Hoje, o espaço conta com exibições de arte, restaurantes e coffee shops. Ali, no Museu do Café é possível conhecer equipamentos, diferentes modos de preparo e ainda saborear o autêntico café árabe que é símbolo de hospitalidade.

Com o número crescente de turistas brasileiros que chegam aos Emirados, aumentou também a procura por guias que falem português. Há 16 anos em Dubai, o guia turístico João Helton enumera as vantagens de morar na cidade: “Você não paga impostos aqui, não tem o nível de violência que a gente vê em outros lugares. Para criar os filhos é uma coisa maravilhosa, porque o filho cresce falando três, quatro línguas”. Para ele, Dubai tem um papel importante na abertura do mundo árabe. “Tinha uma mentalidade aqui no mundo islâmico que você não pode modernizar, que é perigoso, você vai perder a cultura, vai perder a tradição, vai se render ao ocidente. Mas Dubai mostrou que não tem nenhuma contradição em se desenvolver e continuar muçulmano”. 

Mas a relação entre o Brasil e o mundo árabe vai além do turismo, o comércio bilateral já atingiu um nível expressivo. “São US$ 14 bilhões de exportações brasileiras para o mundo árabe, e nas importações nós atingimos US$ 10 bilhões ”, explica Osmar Chohfi,  presidente da câmara de comércio árabe-brasileira. Apesar de ter que atender a uma série de protocolos para adequar os produtos brasileiros à lei islâmica, os chamados produtos halal (que proíbem o álcool, etanol, carne de porco, etc…), ele aposta no crescimento dos negócios e completa: “Se você tomar os 22 países (árabes) em seu conjunto, ele só fica depois da China e dos Estados Unidos no contexto do comércio exterior brasileiro”.

O chef Geraldo Mazini, que participou da Expo Dubai, um dos raros eventos mundiais abertos ao público depois do início da pandemia, aproveitou a oportunidade da feira para divulgar a cozinha brasileira. Ele trabalhou no pavilhão Brasil da exposição e contou como a gastronomia é vista pelo público exigente dos Emirados Árabes. “Ele não procura pela cozinha, ele procura pelo conceito. Tem que ser a parte visual, tem que ser a música. Não adianta querer abrir um negocinho pequeno na esquina e servir comida brasileira. Em Dubai não vai funcionar assim”.

Outro destino bastante procurado no país é a capital Abu Dhabi. A mistura de luxo, diversão e tradição oferece opções variadas aos visitantes. Tem a montanha mais rápida do mundo que fica dentro do Parque Ferrari e o primeiro museu do Louvre fora da França, que exibe obras do mundo todo. Em Abu Dhabi também é possível encontrar festivais tradicionais que mantêm viva a cultura árabe por meio da dança, da música e até da falcoaria praticada pelos antigos beduínos em caças no deserto. 

E quando o sol se põe ali no deserto, uma noite típica espera os visitantes com uma dança do ventre. A brasileira Jeane Soares conta que em 2013 recebeu o convite de uma professora para viajar pelos países árabes. “Eles respeitam a dança aqui e a gente tem contratos que são semelhantes ao contrato normal”, explica. Além de dançar dentro de uma companhia, ela diz que recebe inúmeras demandas e é requisitada para dançar em festas, aniversários e casamentos. “É um país que está tentando abrir as portas para o mundo. Estão dando as boas-vindas para todos os turistas e estrangeiros. Então a gente consegue ter uma liberdade com bastante respeito à cultura deles”, conclui.

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