Opas divulga diretrizes para testes de detecção da varíola dos macacos



A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apresentou hoje (9) para profissionais de diferentes países da América Latina diretrizes para realização de testes de detecção da varíola dos macacos. Conhecida internacionalmente como monkeypox, a doença endêmica em regiões da África começou a ser detectada na Europa e há também ocorrências na América.

Segundo o último boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente há 29 países fora do continente africano com casos confirmados. “Devemos testar todas as pessoas que se enquadrem na definição de caso suspeito”, disse Jairo Mendez, assessor regional para doenças virais da Opas.

Mendez apresentou as diretrizes durante encontro de capacitação, que reúne até amanhã (10) profissionais de saúde de sete países na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

A varíola dos macacos é causada por um vírus da família dos poxvírus, a mesma da varíola humana, erradicada em 1980. A infecção geralmente resulta em um curto período de febre, seguido da formação de lesões e nódulos na pele ou erupção cutânea generalizada.

A doença tem esse nome por ter sido detectada inicialmente em colônias de macacos, embora possa ser encontrado principalmente em roedores. Entre pessoas, a transmissão ocorre por contato direto, como beijo ou abraço, ou por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais, além de secreções respiratórias. Segundo a Fiocruz, a letalidade é estimada entre 1% e 10%, com quadros mais graves em crianças e pessoas com imunidade reduzida.

Após a contaminação, os primeiros sintomas aparecem entre seis e 16 dias. As lesões progridem para o estágio de crosta, secando e caindo após um período que varia entre duas e quatro semanas. Segundo Jairo, o teste é importante, pois a análise clínica geralmente não é suficiente para diferenciar a varíola dos macacos de outras doenças que resultam em erupção cutânea como a herpes zoster, o sarampo e outras enfermidades causadas por poxvírus.

A infecção pode ser confirmada pelo método PCR, que detecta o vírus a partir da amplificação do DNA. A Opas está se esforçando para viabilizar a disponibilidade dos testes. A Fiocruz vem produzindo controles positivos, que são importantes para atestar a confiabilidade dos kits PCR.

As amostras usadas no teste são compostas de conteúdo extraído da lesão cutânea: podem ser bordas, crostas ou esfregaços da superfície. Em até uma hora após a coleta, o material deve ser refrigerado entre 2°C e 8°C e analisado em até sete dias. Caso não se pretenda realizar a análise em até uma semana, a amostra precisa ser congelada a -20°C.

Segundo Jairo, a coleta de outros tipos de amostras com objetivo de investigação é possível seguindo protocolos éticos e requisitando as devidas autorizações. Há dúvidas se o vírus pode ser transmitido pelo sêmen e por fluidos vaginais.

As diretrizes da Opas preveem treinamento para coleta e armazenamento das amostras, que devem ser realizados com o uso de variados equipamentos de proteção. Para minimizar o risco de transmissão laboratorial, a recomendação é que um número restrito de funcionários atue no processamento das amostras e que sejam evitados procedimentos que possam gerar aerossóis infecciosos, como sacudir as vestimentas retiradas após o trabalho de análise.

Uma vez que o resultado do teste seja positivo, o protocolo recomendado pela Opas prevê uma segunda fase optativa: um novo PCR capaz de identificar qual das duas cepas conhecidas infectou o paciente. Uma delas é endêmica na África Ocidental e a outra, na região da Bacia do Congo. “São informações que permitem investigar melhor o quadro epidemiológico”, diz Jairo.

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