Astrocientistas debatem desafios da carreira em encontro virtual



Como os buracos negros evoluem e influenciam o ambiente ao seu redor? O que apontam as pesquisas sobre a misteriosa energia escura? O que a energia nuclear tem a ver com estrelas de nêutrons e ondas gravitacionais?

Estas perguntas fazem parte de linhas de pesquisas de cientistas brasileiras ligadas às astrociências e que se reúnem, virtualmente, a partir desta terça-feira (7) até a próxima sexta-feira (10) para troca de informações, saberes e vivências.

Esta edição do evento As Astrocientistas – 2º Encontro Brasileiros de Meninas e  Mulheres da Astrofísica, Cosmologia e Gravitação – conta com pesquisadoras que estão no Brasil e em países como Estados Unidos, França, Reino Unido, México e Alemanha.

É o caso de uma das organizadoras do evento, a astrônoma Catarina Aydar, que participa da Alemanha, onde é aluna de doutorado no Instituto Max Plank para Física Extraterrestre.

Ela explica que a ideia de criar um espaço virtual, em 2022, que agregasse pesquisadoras brasileiras no cenário nacional e internacional veio de uma demanda presente de se conectarem, trocarem informações e impressões sobre carreira e trabalho. Além disso, Aydar destaca a importância de abrir portas para gerações futuras em um ambiente majoritariamente ocupado por homens.

“A maioria das organizadoras, quando surgiu a ideia, estava fora do Brasil e sentia falta deste vínculo com a comunidade de mulheres brasileiras na ciência. Então, foi uma vontade de expandir isso, para que inclusive mulheres que talvez viessem de formações em que tivesse uma maioria sufocante de homens pudessem encontrar esses outros pares de mulheres que são ao mesmo tempo inspiração e parceria’’, diz.

Em relação à edição passada, em que o evento focou principalmente nas questões das descobertas e desafios científicos com o protagonismo feminino, Aydar diz que este ano o foco está ampliado para debates sobre comunicação, divulgação científica e nas formas eficazes de fazer com que o conhecimento científico chegue até a população brasileira. Ela destaca ainda que, embora os debates sobre equidade nas carreiras ligadas às astrociências sejam uma bandeira, o encontro é aberto para todos os interessados.

‘’A gente acredita que é muito importante ter ambos os gêneros e as outras as pessoas que se identificam com outros gêneros além deste binarismo, participando nesta luta por mais diversidade, inclusão, e por uma academia que seja menos tóxica e acolha as mulheres para que não se sintam excluídas e oprimidas enquanto exercem a profissão.”

- Às vésperas do 11 de fevereiro, astrocientistas discutem desafios da carreira e da divulgação científica
- Às vésperas do 11 de fevereiro, astrocientistas discutem desafios da carreira e da divulgação científica

Astrocientistas discutem desafios da carreira e da divulgação científica – Divulgação/As Astrocientistas

Entre os 26 palestrantes desta semana estão a astrônoma Thaisa Storchi Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que abordará os recentes resultados de observações de buracos negros, incluindo os achados do supertelescópio espacial James Webb; a cientista brasileira Marcelle Soares-Santos, da Universidade de Michigan (EUA), que falará sobre sua pesquisa envolvendo a energia escura, considerada uma hipótese para explicar a expansão acelerada do universo.

No último dia do encontro (10), haverá palestra-chave com Jocelyn Bell-Burnell, da Universidade de Dundee e Universidade de Oxford – Reino Unido, autora da descoberta dos pulsares (estrelas de nêutrons com alto campo magnético, com rotação e emissão de radiação em jatos), que terá transmissão ao vivo pelo YouTube.

‘’Jocelyn Bell-Burnell tem uma história realmente fascinante porque, após duvidarem da qualidade do trabalho dela, foi o orientador dela que levou o prêmio Nobel pela descoberta. Ela vai contar essa história da descoberta e como ser mulher afetou a carreira dela”, destaca Catarina Aydar.

Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, Aydar destaca que, para além da representatividade e de números, é preciso que as mulheres tenham estrutura para se manter na academia diante de questões como maternidade, assédio moral e sexual.

“Queremos trazer luz para estas questões, para que haja políticas públicas e apoio institucional às mulheres. A questão da equidade para ocupar os espaços e carreiras científicas será tratada e espero que a gente saia mais inspirada e motivada e também mais direcionada com essa troca para possibilitar o avanço das mulheres cada vez mais se sentindo melhor em ocupar os espaços que sempre deveriam ter pertencido a nós’’, reforça Aydar.

E a cobertura em astronomia feita pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é um dos destaques da 2º Encontro Brasileiro de Meninas e  Mulheres da Astrofísica, Cosmologia e Gravitação.  

A jornalista da TV Brasil Adrielen Alves participará nesta terça-feira da Mesa Redonda – Divulgação Científica e Atuação Feminina e na próxima sexta-feira falará sobre a série especial produzida para a Agência Brasil e a Radioagência Nacional Mulheres que Amam as Estrelas.

A série de reportagem especial retrata os desafios e conquistas de mulheres, que ao longo dos séculos, se dispõem a estudar os astros. É um recorte da trilha de cientistas que fizeram seus nomes, com sacrifício e mérito, e de mulheres brasileiras que são inspiradas a levar a ciência que estuda os astros ao público geral.  Cada matéria remonta aos feitos de uma cientista que marcou a história da astrociência e de uma cientista da atualidade com atuação no Brasil.

Confira aqui a programação.

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