Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos abre exposição do Prêmio Dona Generosa



A mostra apresenta literatura, fotografia e muralismo, produzidos por artistas da periferia de BH

No dia 10 de junho, às 13h, o Museu de Quilombos e Favelas Urbanos (Muquifu) abre a exposição do prêmio Dona Generosa. Em sua primeira edição, o projeto traz os artistas Vitú de Souza, Iza Reys e Fabiano Valentino, que foram selecionados por meio de edital, e agora apresentam mostras individuais em diversos espaços do museu. No mesmo dia acontece o lançamento de materiais do Educativo Muquifu, às 15h30. Todas as ações contam com intérprete de Libras.

A exposição, que fica em cartaz por um mês, estabelece um diálogo entre literatura periférica, escrevivências – termo cunhado pela escritora Conceição Evaristo –, encruzilhadas, fotografia e muralismo. A jovem poeta Iza Reys apresenta a obra “ÉBÓ”, uma instalação que mescla poemas, colagens, e audiovisual com a reprodução da cultura do slam.

A fotografia chega pelas mãos de Vitú de Souza. O artista traz um recorte do projeto “Nagôgrafia – Museu dos Caminhos Negros”, intitulado “Nagôs & Njilas”. São 42 fotografias que retratam fragmentos de capturas dos momentos únicos, onde se foi possível, produzir documentos-testemunhos da existência e potência da performance de diversas pessoas negras, que sob os termos ‘Nagôs’ (identidade cultural, caminho) e ‘Njilas’ (encruzilhada e comunicação) expressam a força, memória e o pertencimento que há em cada preto.

Por meio de cores que constroem narrativas, o artista Fabiano Valentino, mais conhecido como Pelé, expõe seus painéis levando o muralismo para o público. Um dos principais artistas visuais do Morro do Papagaio, Pelé está à frente de diversos projetos culturais, entre eles o Favela Bela.

Além da exposição, às 15h acontece o lançamento do “Caderno Muquifu: Histórias para Imaginar e Fabular” e do “Jogo da Memória — Acervo e Histórias”, materiais do Educativo Muquifu. Esse primeiro material é um convite para interagir e se apropriar da experiência de visitar o museu, a partir de seu acervo, espaço e histórias que possibilitam conhecer, imaginar e fabular. O conteúdo tem por base os princípios de reconhecimento e valorização da história da população negra na cidade de Belo Horizonte.

A premiação é realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, e patrocínio do Mater Dei.

SOBRE OS ARTISTAS

Vitú de Souza

Graduado em Museologia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, realiza trabalhos de curadoria de forma autônoma, além de prestar serviços para museus, galerias de arte e colecionadores privados. Sua pesquisa é voltada para produção e gestão cultural, áreas nas quais é técnico pelas instituições Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC ‘Técnico em Produção Cultural’ e Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais – UTRAMIG – ‘Técnico em Gestão e Produção Cultural’, respectivamente. É membro da Articulação da Rede de Museologia Kilombola – RMK, e faz parte do Conselho Internacional de Museologia – ICOM, onde defende o recorte racial nos debates e pesquisas das Ciências do Patrimônio e da Informação. Como fotógrafo e documentarista, realiza registros das tradições e manifestações populares afrobrasileiras no projeto ‘Nagôgrafia – Museu dos Caminhos Negros, gerido pela promotora cultural ‘OJÚ.ARTE’.

Iza Reys

Izabella, conhecida como iza_Reys, é poeta, escritora, produtora de eventos, arte-educadora e contadora de histórias. Sua carreira artística começou em 2018 como poeta em slams (competição de poesia falada). A arte entrou em sua vida de diversas formas como arte-educadora, apresentadora, slamer, contadora de histórias afro-brasileiras, poeta, produtora de eventos, integrante da coletiva afrolíricas, idealizadora do afrosarau.afroslam & afrocast. Em 2022 lançou, aos 21 anos, o livro “Caminho de Volta pra Casa”, onde documenta uma trajetória de 13 anos de poesia.

Fabiano Valentino

Mais conhecido como Pelé, é um dos principais artistas visuais do Morro do Papagaio, e sempre esteve presente nas muitas ações do Muquifu. Além de artista é um mobilizador cultural, e forte liderança comunitária. Com diversos projetos culturais, entre eles o mais famoso, o Favela Bela, Pelé constrói cores e narrativas ao longo de toda a comunidade.

SERVIÇO

Abertura da exposição – Prêmio Dona Generosa

Data: 10/6

Horário: 13h

Local: Muquifu (Rua Santo Antônio do Monte, 708, Vila Estrela/Santo Antônio)

Gratuito

Sobre o Muquifu

O Muquifu – Museus dos Quilombos e Favelas Urbanos tem como vocação garantir o reconhecimento e a salvaguarda das memórias das vilas do Morro do Papagaio: lugar não apenas de sofrimento e de privações, mas, também, de memória coletiva digna de ser cuidada. A instituição, fundada em 20/11/2012, reúne como acervo fotografias, objetos, imagens de festas, danças, celebrações, tradições e histórias que representam a tradição e a vida cultural dos moradores das diversas favelas e quilombos urbanos de Belo Horizonte e Minas Gerais.

Nestes 10 anos de existência o Muquifu se tornou palco de lançamentos de livros, exibições de filmes, seminários, exposições nacionais e internacionais. Desde 2018, passou a integrar o Circuito de Museus – Território Negro – da Prefeitura de Belo Horizonte, sendo visitado por dezenas de escolas. Também são recorrentes projetos junto a cursos universitários, trazendo ao museu alunos da PUC Minas, UEMG, UFMG, UNI BH entre outras. A instituição já participou de palestras e mostras na Colômbia, Itália, França e Alemanha.

Total
0
Shares
Deixe um comentário
Próximo Artigo

Reforma tributária: foco no consumo limita redução de desigualdades

Artigo Anterior

Caixa sorteia neste sábado R$ 35 milhões da Mega-Sena acumulada

Relacionados