HÁ (MUITA) POESIA NA MOSTRA PORTINARI RAROS

Portinari Raros - Crédito: Vitor Adalberto.
Portinari Raros – Crédito: Vitor Adalberto.


O cantor, compositor e músico Celso Adolfo relata a rica experiência ao visitar a mostra Portinari Raros na companhia de João Candido Portinari, filho do artista homenageado

“Associado a certos matizes de cor e a um conteúdo figurativo levemente geométrico, existe um ‘estilo Portinari’ que se fixou no imaginário popular brasileiro. Poucos tiveram a oportunidade de se impressionar com o conjunto de técnicas e linguagens que atravessam a diversidade de sua obra, revelado em imagens tridimensionais, abstratas e realistas”. (Marcello Dantas – Criador e Curador da Mostra)

Após visitar a mostra Portinari Raros na companhia de João Candido, filho do pintor, Celso Adolfo – músico, violonista, poeta, cantor e compositor-, produziu um reflexivo e analítico texto sobre o impacto que a obra de Candido Portinari sempre lhe provoca.

“Quando conheci a igrejinha da Pampulha, Cândido Portinari me pegou. Pintado no painel, eu soube que um vira-latas impedia a consagração da igrejinha. Logo ele, cão-orgulho brasileiro, um dos símbolos das humildades com que São Francisco nutria a sua alma, não poderia estar na igreja. “Vá pra rua, cachorro magrelo feio com fome, saia deste altar, saia de perto de Deus”, ordenou o arcebispo. Em 1959, Deus reviu a ordem e, finalmente, bendisse o cachorro e o pintor.

Em outubro de 2013, Portinari me pega de novo, na inauguração do Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, onde foi exposto o seu monumental Guerra e Paz, painel que saiu da ONU para que Minas Gerais o visse de perto.

Neste inverno de 2023, Portinari me pega pela terceira vez. Guiados por João Cândido, genial e gentilíssimo filho do genial pintor, andamos pelo terceiro andar do CCBB sorvendo a exposição.

Chegamos aos cartazes que refletiam os horrores nazifascistas da segunda guerra; fauna e flora e circo e criançada adiante, ouvimos João contar sobre o desaparecimento de um quadro com o qual seu pai perdera um concurso cujo prêmio era uma viagem ao exterior. Num golpe de sorte, o quadro (retratando uma turma dançando ao som de sanfoneiros) reaparece depois de já ter sido dado como perdido. Restaurado, víamos ali a prova de como Portinari pintava aos 18, 19, 20 anos de idade.

Portinari não ignorou gêneros nem estilos. Assinou cenários para Balé (Iara), aprofundou-se nas humanidades e desumanidades todas com inabalável interesse no bem comum. Ao final da vida, reservando-se a fascinação pela imagem do meio indígena, pintou uma Carajá, que vimos na exposição.

Terminada a visita no terceiro andar, nos aguardavam, no pátio interior do prédio, algumas páginas do Catálogo Resonèe do pintor. Eram projeções de fragmentos de quadros de Portinari que se formavam e se diluíam pelas altas paredes à nossa frente. Em movimentos ornados com uma precisa e maravilhosa trilha, a música ampliava as sensações e a noite.

No meio daquilo, éramos seres flutuantes entre pássaros, flores, cafezais, tubos de tinta, tripeças, telas e pinceis do menino de Brodowski. Cochichando, cada um de nós voava como podia”.

CCBB BH

Exposição: até 07 de agosto de 2023

Curadoria: Marcello Dantas

Produção: Magnetoscópio

Entrada franca

Patrocínio: Banco do Brasil e BB Asset

Apoio: Projeto Portinari

CIRCUITO LIBERDADE

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob a gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso às atividades propostas.

SERVIÇO – MOSTRA PORTINARI RAROS

LOCAL: Galerias do 3º Andar e Pátio – Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450 – Tel: 31 3431-9400)

PERÍODO: Até 07 de agosto de 2023

HORÁRIO DE VISITAÇÃO: De quarta a segunda, das 10h às 22h

RETIRADA DE INGRESSOS:  bb.com.br/cultura e bilheteria física do CCBB BH

ENTRADA GRATUITA com apresentação obrigatória do ingresso digital

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre

CURADORIA: Marcello Dantas

PATROCÍNIO: BANCO DO BRASIL e BB ASSET

APOIO: PROJETO PORTINARI

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