União de agremiações defende parque industrial do carnaval




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A imensa variedade de materiais necessários para montar fantasias, adereços e outros elementos que encantam o público nos sambódromos do país movimenta um mercado que hoje depende frequentemente de importações, muitas vezes atreladas ao dólar. Para o presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), Kaxitu Ricardo Campos, a solução pode estar no fomento a um parque industrial voltado a atender essa enorme, permanente e colorida demanda. 

De acordo com Campos, esse é um dos temas em que será preciso avançar durante a Assembleia Geral Anual da Fenasamba, que será realizada neste fim de semana na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro.  A proposta de garantir a criação de um parque industrial para produção dos materiais usados na preparação do carnaval das agremiações foi lançada desde a criação da Fenasamba, em 2017. “Às vezes, tem que comprar na China, porque não tem no Brasil. Se compra em dólar, fica mais caro. Fica uma roda gigante que vai girando, e a gente com cada vez mais dificuldades”.

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A filiação nacional de escolas de samba e blocos carnavalescos tradicionais do Brasil em uma entidade se propõe a contribuir com o avanço de políticas públicas para o setor. Fundada em 15 de julho de 2017, a Fenassamba reúne 87 ligas e agremiações carnavalescas de todo o país, representando mais de 1.000 blocos temáticos e escolas de samba. Atualmente, a federação representa escolas de samba e blocos em 18 estados. 

“Na verdade, nós somos uma confederação, e a gente recebe a filiação das ligas basicamente municipais, porque o carnaval é organizado nas cidades. A gente representa do ponto de vista político o segmento carnavalesco e faz um diálogo com as instâncias federais para a criação de políticas públicas para o carnaval”, explica Campos.

Segundo Campos, a ideia de união, organização e de um pensamento nacional sobre as escolas de samba surgiu em 2013. Naquele momento, houve uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a economia do carnaval.

“A maioria das ações que a gente tem conseguido andou por causa do Congresso, desde a criação da Fenasamba. A Câmara dos Deputados provocou o governo federal, que participou e montou um grupo de trabalho, e em 2016, o governo caiu [impeachment da presidente Dilma Rousseff] e a gente perdeu completamente a relação com o Executivo. A partir daí foi só a relação com o Parlamento. Em 2023, a gente voltou a se relacionar com o governo federal”, lembra Campos.

Um exemplo de política pública de impacto positivo para o setor apontado por Campos foi a sanção, em maio deste ano, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da lei que reconheceu desfiles, música, práticas e tradições das escolas de samba como manifestação da cultura nacional. De acordo com a legislação, o poder público tem que garantir a livre atividade das escolas e a realização dos desfiles.

Na visão do presidente da Fenasamba, a sanção da lei foi uma conquista com apoio político da federação. O dirigente lembrou ainda que nas leis emergenciais Paulo Gustavo e Aldir Blanc, criadas para reduzir os efeitos econômicos e sociais decorrentes da pandemia da covid-19 no setor cultural, inicialmente deixaram de fora as escolas de samba.

“Não eram pensadas para o segmento do carnaval. Em 2021 não teve desfile, mas as escolas de samba têm atividades e precisam viver. A gente fez uma interlocução para que tivesse um parágrafo [na lei] que pudesse contemplar as escolas de samba. Na época foi incluído, as escolas conseguiram, a Liesa inclusive fez lives com aportes da [Lei] Aldir Blanc e outras ligas como aqui de São Paulo”, lembra o presidente da Fenasamba, acrescentando que a federação também participou da regulamentação da Lei Paulo Gustavo, para que as escolas de samba pudessem ser contempladas como qualquer outra manifestação cultural do país.

“Uma coisa é o desfile da escola de samba, que normalmente são ações que têm recursos porque o carnaval impacta nas cidades. Mas as escolas de samba têm uma série de outros trabalhos que precisam de apoio. Na cabeça das pessoas parece que as escolas funcionam só para os desfiles, mas também são um organismo cultural e social vivo, que faz atividades”.

O presidente da Fenasamba disse que, como a capilaridade do carnaval é muito grande, tem buscado entendimentos com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para a transmissão de eventos do setor.

“Um dos maiores carnavais do Brasil é em Corumbá, na fronteira com a Bolívia. A gente tem dialogado e a EBC tem aberto um canal de conversa com a gente. [Já] Transmitiu vários desfiles este ano. Da nossa parte, as pessoas têm acompanhado muito”.

Temas

Na Assembleia Geral Anual deste ano serão discutidos temas como mercado e oportunidades para o profissional do carnaval 365 dias; experiências carnavalescas na gestão pública e desfiles das escolas de samba e o turismo.

Além de carnavalescos e jornalistas, participam dos debates parlamentares e representantes do governo federal. Estão previstas as presenças do assessor da Secretaria-Executiva do Ministério da Cultura, Yuri Soares; do diretor de Políticas para os Trabalhadores da Cultura do Ministério da Cultura, Derek Santana; e do coordenador de atenção à população negra do Ministério da Saúde, Marcos Moreira da Costa.

No primeiro dia da Assembleia Geral Anual da Fenasamba, às 16h30 vai ocorrer a eleição para a renovação da diretoria executiva da entidade para o triênio 2023-2025. No dia seguinte será feita a entrega do Grande Prêmio do Carnaval Brasileiro 2023, nas categorias Benemérita da Folia, Musa Cidadã, Social Nota 10, Mestre da Administração, Bambas do Samba (M), Bambas do Samba (F), Resistência Carnavalesca, às 16h. A Portela será uma das homenageadas com o Prêmio Resistência Carnavalesca pelo seu centenário.

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