Sétima Arte: os desafios de emplacar produções independentes no Brasil



Produtora mineira conta sobre sua experiência de roteirizar um documentário de forma autônoma

Apesar da produção audiovisual independente no Brasil ter apresentado recorde de lançamento nos últimos anos, apenas uma parcela é exibida em salas de cinema. De acordo com dados da Ancine, o cinema contempla 8811 produções de documentários, filmes e curtas, entre os anos de 2013 a 2020. Delas, 8,13% contaram financeiramente com os editais do FSA e outros 2,17% com fomento internacional. Dessas produções 84,96% são brasileiras independentes constituintes de espaço qualificado.

A publicitária e mestre em comunicação, Bruna Mendes, relata que a maioria ainda está restrita aos festivais, à internet ou aos poucos espaços alternativos existentes. A indústria do entretenimento no Brasil é dominada por grandes estúdios e empresas de mídia. “Embora o mercado audiovisual para produtores independentes seja difícil, a internet deu voz para todas as pessoas, e por isso elas podem tirar seus projetos da gaveta e serem porta-vozes de uma mensagem que acreditam deixar para o mundo, ainda que na sua rede de contatos”, destaca.

Ela como consultora conta como foi a experiência de produzir seu documentário.“ Foi uma escola da vida fazer uma produção independente. Eu acho que foi algo que me engrandeceu muito, eu tive que ter muita coragem. Porque foi muito além do que eu imaginei financeiramente, foi muito além do que eu imaginei desbravar, mas que bom que eu tive coragem de ir além”, comenta.

Além disso, Bruna deixa uma mensagem e apoio para os demais profissionais independentes. ”Eu sou formada em comunicação, o documentário foi a forma que encontrei de me expressar e deixar minha mensagem para o mundo e também, me reconhecer como artista para além do que faço ou vendo. As pessoas que têm a mente criativa, os artistas, que eles não desistam, mas que eles tentem fazer e se expressar de alguma forma. Acho que o documentário simetria também é sobre autoexpressão, para que cada um encontre seu modo de deixar sua marca no mundo”, completa.

SIMETRIA

A produtora conta que a ideia do documentário surgiu porque ela se interessou por arte tardiamente. “Eu não tive esse estímulo de ir a museus, de ir em exposições, em teatros, durante a minha infância. Ao longo da minha trajetória profissional, eu me formei publicidade, fiz um mestrado em comunicação aplicado em branding e o meu mestrado foi em Portugal. E essa experiência de fazer o mestrado com a somatória de estudar branding, me fez olhar para marcas que têm longevidade, são marcas que devem ter uma função social. Então o documentário foi desse lugar, de olhar para as pessoas ao meu redor e para as mesas onde eu estava inserida e as pessoas não terem o interesse sobre a arte”, afirma.

O audiovisual foi um projeto que demorou 10 meses porque houve captações em alguns lugares do mundo e também no Brasil, São Paulo, Belo Horizonte. “Acredito que durante o processo, os desafios que eu encontrei foi fazer tudo de forma artesanal. eu não tinha uma equipe, igual o Netflix tem, para bolar uma estratégia e ir para todo lugar. Fui para Portugal, gravei lá porque isso faz parte da minha história, porque eu morei lá um tempo e o fato de morar lá, isso ampliou minha visão de mundo e esse interesse por arte. Por isso, eu quis gravar lá, então eu contratei uma equipe de lá para gravar, fiz a mesma coisa em Paris. Costumo dizer que foi um documentário produzido artesanalmente. Demorou mais tempo porque exigiu essa questão de recursos”, finaliza.

Fonte: Bruna Mendes – publicitária e mestre em comunicação, com estudos especializados em Branding pela Universidade do Porto. Trabalha com projetos de branding e com direção criativa voltada para construção de narrativas com o foco em marcas pessoais. Instagram: @brumenddes. Site: ww.brunamendes.co

Foto: Reprodução | Internet

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