Especialista em AVSEC explica como a pandemia redefiniu a segurança e quais os desafios do setor para os próximos anos.
Como a pandemia redefiniu o AVSEC e quais os desafios para manter a segurança no novo cenário da aviação
A aviação civil nunca enfrentou uma crise tão severa e transformadora quanto a pandemia de Covid-19. Com aeroportos vazios, voos cancelados e protocolos de segurança sendo constantemente revisados, o setor foi forçado a se reinventar. Agora, no cenário pós-pandemia, a segurança AVSEC (Aviation Security) enfrenta novos desafios que vão muito além das medidas sanitárias.
Bruno Cipriano, especialista e instrutor AVSEC desde 2013, acompanhou de perto essa transformação. Sua experiência na Academia Corporativa LATAM, ao lado de uma das equipes mais influentes do setor no Brasil, permitiu que ele atuasse ativamente na adaptação dos treinamentos e na implementação de estratégias inovadoras para enfrentar esse novo cenário. “O que antes eram ameaças previsíveis se tornaram riscos dinâmicos e complexos. A segurança na aviação precisa evoluir com a mesma velocidade das mudanças no mundo”, afirma Bruno.
Comportamento dos passageiros e profissionais: um novo desafio para o AVSEC
A pandemia não alterou apenas os protocolos operacionais, mas também o comportamento das pessoas. O impacto emocional e o estresse acumulado ao longo dos últimos anos geraram um aumento significativo no número de incidentes envolvendo passageiros agressivos, conflitos a bordo e até mesmo tentativas de violação das regras de segurança.
De acordo com Bruno, a tripulação e os profissionais de solo passaram a desempenhar um papel ainda mais essencial na mediação de conflitos e no gerenciamento de comportamento indisciplinado. “Os profissionais AVSEC agora lidam com passageiros mais impacientes e, muitas vezes, emocionalmente instáveis. A inteligência emocional e a mediação de conflitos se tornaram habilidades tão importantes quanto o conhecimento técnico em segurança”, explica.
O treinamento AVSEC, tradicionalmente focado na detecção de ameaças físicas e operacionais, precisou se expandir para incluir estratégias de gestão de crise e tomada de decisão em cenários de alto estresse. “Treinar um profissional para identificar um comportamento suspeito não é mais suficiente. Agora, ele precisa estar preparado para intervir de forma estratégica e segura antes que um incidente se torne uma ameaça real”, destaca Bruno.
A dependência da tecnologia e as novas vulnerabilidades da segurança aeroportuária
Outro grande impacto da pandemia foi a aceleração da digitalização nos processos aeroportuários. Com cortes orçamentários e redução de equipes, o setor recorreu a soluções tecnológicas para suprir a falta de mão de obra, como a implementação de biometria, controle automatizado de acesso e inspeção digital de passageiros. Embora essas inovações tragam eficiência operacional, também abriram espaço para novas vulnerabilidades.
“A dependência excessiva da tecnologia pode gerar uma falsa sensação de segurança. Menos agentes humanos na linha de frente significa menos olhos treinados para identificar comportamentos suspeitos”, alerta Bruno. Além disso, a crescente ameaça cibernética também se tornou uma preocupação real para o AVSEC. Sistemas de aeroportos e companhias aéreas passaram a ser alvos frequentes de ataques, comprometendo informações sensíveis e até mesmo a operacionalidade dos voos.
Para mitigar esses riscos, Bruno Cipriano enfatiza a importância de revisar os protocolos de segurança aeroportuária. “Muitos aeroportos ainda operam com diretrizes criadas para um contexto pré-pandemia. É essencial atualizar esses processos para refletir os novos desafios e vulnerabilidades que surgiram”, ressalta.
Ameaças emergentes: como o AVSEC deve se preparar para o futuro?
A evolução da segurança da aviação civil no pós-pandemia precisa considerar uma série de novas ameaças que se tornaram cada vez mais presentes. Entre os principais riscos que desafiam o AVSEC atualmente, destacam-se:
- Ataques cibernéticos: A digitalização acelerada do setor tornou sistemas aeroportuários e de companhias aéreas alvos de hackers, exigindo uma resposta rápida e eficaz para evitar falhas de segurança.
- Uso indevido de drones: A presença de drones em áreas aeroportuárias aumentou significativamente, e a regulamentação desse uso ainda não acompanhou o ritmo do problema, tornando-se uma ameaça operacional real.
- Complacência operacional: A redução da equipe e a automação excessiva podem criar um ambiente propício para falhas de segurança não intencionais, caso os profissionais não estejam devidamente treinados para identificar riscos.
Diante desse cenário, o AVSEC precisa adotar uma postura mais proativa, antecipando ameaças em vez de apenas reagir a elas. “O setor de segurança da aviação não pode se dar ao luxo de esperar por um incidente para revisar seus procedimentos. A adaptação constante é a única forma de garantir que estejamos sempre à frente das ameaças”, afirma Bruno.
A revolução no treinamento AVSEC: um modelo híbrido e mais dinâmico
Com tantas mudanças no setor, a forma como os profissionais são treinados também precisou evoluir. Bruno Cipriano desempenhou um papel fundamental na reformulação dos treinamentos AVSEC, trazendo novas metodologias para tornar o aprendizado mais eficiente e aplicável à realidade do setor.
Entre as principais inovações que ele implementou, destacam-se:
- Treinamentos híbridos, que combinam aulas presenciais e remotas, garantindo flexibilidade sem comprometer a qualidade do aprendizado prático.
- Ênfase em inteligência emocional e mediação de conflitos, preparando os profissionais para lidar com o novo perfil de passageiros e situações de alto estresse.
- Simulações realistas, que colocam os treinandos em cenários reais, permitindo que tomem decisões estratégicas e eficazes sob pressão.
“A formação de profissionais AVSEC não pode ser engessada. Precisamos de treinamentos que reflitam os desafios do mundo real, onde a tomada de decisão rápida e eficiente pode significar a diferença entre a segurança e um incidente grave”, destaca Bruno.
Estamos prontos para o futuro da segurança na aviação?
A pandemia serviu como um divisor de águas para a segurança da aviação civil, acelerando mudanças e expondo novas vulnerabilidades. Agora, mais do que nunca, o setor precisa estar preparado para antecipar ameaças e adaptar-se a um cenário cada vez mais dinâmico e desafiador.
Bruno Cipriano reforça que o maior risco para a aviação não é um passageiro agressivo ou um ataque cibernético isolado, mas sim a resistência do setor em evoluir tão rápido quanto as ameaças emergentes. “A pergunta que devemos nos fazer é: estamos apenas respondendo às ameaças ou estamos nos antecipando a elas?”, provoca.
Para acompanhar mais sobre a atuação de Bruno Cipriano e suas contribuições para a segurança da aviação civil, conecte-se com ele no LinkedIn.
Por: Flávia Lopes