O papel da cultura na edificação de uma sociedade soberana



Marcelo Henrique de Carvalho

A cultura, em suas múltiplas manifestações, constitui-se em alicerce fundamental para a construção de uma sociedade próspera e soberana. A educação, enquanto vetor de desenvolvimento e emancipação social, encontra na cultura um de seus pilares mais robustos e significativos. Ao analisarmos os exemplos de nações desenvolvidas, percebemos que a valorização da cultura é intrínseca ao processo de evolução social e econômica, na completude de um círculo virtuoso, a favor da população. Em outras palavras, a cultura, ao elevar o nível de instrução e conscientização dos indivíduos, promove uma sociedade mais apta e preparada para os desafios contemporâneos.

Países como a Alemanha e o Japão são exemplos paradigmáticos de como a cultura pode ser um motor de progresso. A Alemanha, com sua rica tradição literária, filosófica e musical, promove investimentos robustos na preservação e disseminação de seu patrimônio cultural. Instituições como a Orquestra Filarmônica de Berlim e eventos como o Festival de Beethoven, em Bonn, são provas incontestes do compromisso germânico com a arte e a cultura. Esses esforços resultam em uma população que não apenas contempla com olhos de apreciação, mas que também é capacitada intelectualmente para assistir de forma crítica, analítica. Justamente por isso, uma sociedade mais culta acaba contribuindo com a economia e o crescimento do país, como um todo.

No Japão, a fusão harmoniosa entre tradição e modernidade é palpável. A cultura japonesa – com suas artes marciais, cerimônias do chá e a poesia Haiku, além de suas expressões contemporâneas como o animé e o manga – cria um ambiente propício para o desenvolvimento de uma população criativa e inovadora. As políticas educacionais do Japão incorporam esses elementos culturais, assegurando que as novas gerações cresçam imersas em um ambiente que valoriza a arte e o conhecimento, o que se reflete em uma tradição sempre presente, levando a um futuro consistente.

No Brasil, uma referência especial deve ser feita às artes clássicas, em particular à música erudita, que possui o poder de elevar a alma e banhar seus ouvintes com sua profundidade e complexidade. Sobretudo diante de um cenário musical paupérrimo ao qual a população brasileira tem sido submetida, diariamente, nas estações mais tradicionais de rádio, televisão e streamings. A música erudita, ao contrário, além de estimular a sensibilidade e o intelecto, desempenha um papel insubstituível na formação cultural de uma sociedade.

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) é um exemplo notável de como a música clássica pode ser um agente transformador. Fundada em 1954, a OSESP tem se destacado não apenas pela excelência de suas apresentações, mas também por seu papel educacional e social.

A agremiação musical realiza concertos que atraem milhares de pessoas, tanto na Sala São Paulo, um dos mais importantes espaços culturais do Brasil, quanto em suas turnês internacionais. Essa difusão da música erudita contribui para a formação de um público mais culto e sensível, além de democratizar o acesso à cultura de alta qualidade. Projetos educacionais e sociais, como as apresentações didáticas para jovens e as ações comunitárias, reforçam o papel da OSESP como um agente de transformação cultural. Sem olvidar do Coro Infantil e Juvenil, o qual integra talentos do presente com promessas da música brasileira.

Portanto, a cultura, enquanto expressão elevada do espírito humano, é essencial para a edificação de uma sociedade soberana e próspera. Ela amplia horizontes, enriquece o intelecto e fortalece os laços sociais. As nações que compreendem e valorizam a cultura são aquelas que estão mais bem preparadas para enfrentar os desafios e construir um futuro melhor e mais promissor.  

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