Com base em sua vivência como empresário inovador e estudioso das novas tecnologias, brasileiro aposta na criação de uma solução educacional que alia inteligência artificial e conteúdo de qualidade para conectar alunos, pais e professores
A percepção dos brasileiros sobre a educação nunca esteve tão crítica. Segundo o Global Education Monitor 2024, da Ipsos, 47% da população considera o sistema educacional do país ruim. Apenas 26% o classificam como bom — uma queda de 8 pontos em relação ao ano anterior. A piora na avaliação reflete problemas históricos e persistentes: acesso desigual, infraestrutura precária e baixo investimento público.
Além disso, a pesquisa revela uma sociedade dividida sobre o papel da tecnologia nas salas de aula. Quase um terço dos entrevistados defende a proibição do uso de inteligência artificial nas escolas, e 28% acreditam que os impactos da IA na educação serão mais negativos do que positivos.
Nesse cenário de desconfiança e urgência por soluções, surge uma pergunta inevitável: como reconstruir a confiança no aprendizado? Como transformar a experiência escolar para torná-la mais eficiente, inclusiva — e relevante para as novas gerações?
É justamente esse o tipo de pergunta que move o empresário e consultor José Paulo Rosa Miranda, que, após uma carreira consolidada à frente de soluções tecnológicas no setor tributário, agora se dedica à criação de uma plataforma educacional inovadora. Sua proposta? Combinar inteligência artificial, conteúdo de qualidade e uma metodologia que resgate o prazer de aprender — especialmente pela leitura.
“Ver esses números não me surpreende. O modelo educacional está desconectado da realidade dos alunos. Contudo, tecnologia sem propósito não resolve — é preciso criar ferramentas tecnológicas que realmente façam sentido para quem aprende e para quem ensina”, afirma José Paulo.
A motivação veio de sua própria história. Filho de família humilde, ele estudou em escolas públicas e ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro sem cursos preparatórios, motivado por um hábito adquirido ainda criança: a leitura. “Meus pais e avós liam jornal todos os dias. Com menos de seis anos, eu já lia também. A leitura me abriu caminhos que ninguém na minha família tinha trilhado antes. E hoje, infelizmente, vejo esse hábito praticamente enterrado nas novas gerações.”
Durante um período sabático, José Paulo passou a estudar modelos de homeschooling e plataformas de ensino nos Estados Unidos, comparando métodos e resultados. Percebeu que algumas plataformas simplesmente replicam os mesmos erros do sistema tradicional, apenas com uma interface digital mais colorida. “É uma mudança estética, mas não pedagógica”, diz.
Por isso, sua plataforma tem outro foco: usar Realidade Virtual, Realidade Aumentada, conjugadas com IA para personalizar o conteúdo conforme o perfil do aluno, transformando o aprendizado com experiências imersivas mais estimulantes. A proposta é também criar recursos para incluir pais e professores no processo, com ferramentas de acompanhamento e análise.
“É claro que existe receio com a IA, e com razão. O problema é quando ela substitui o raciocínio. Mas se for usada com critério, ela pode potencializar o ensino, individualizar o aprendizado e aliviar a sobrecarga dos professores”, explica.
O estudo com uso de Realidade Virtual oferecerá experiências imersivas educacionais, em ambiente virtual, que, com uso de várias ferramentas e funcionalidades, cuja aprendizagem será muito mais efetiva e, espera-se, com maior grau de interesse dos alunos, pois as soluções de realidade virtual serão projetadas para otimizar o ensino e a aprendizagem em um ambiente virtual. Os usuários podem interagir em salas gerais, grupos pequenos e auditórios com capacidades de compartilhamento de tela, uso de quadros brancos interativos, gravação de sessões e teletransporte para diferentes cursos. Os professores têm controle sobre diversas opções, como a gestão de conteúdo, configuração de sessões com multimídia e a criação de enquetes em tempo real.
Já a solução proposta com uso de realidade aumentada será um produto de imensurável valor e que independe da realidade virtual, pois pode ser aplicado sob diversos tipos de objetos, ou seja, figuras contidas em páginas de livros impressos e digitais ou mesmo em telas de computadores ou celulares, de acordo com o que for desenvolvido. A realidade aumentada pode, inclusive, ser desenvolvida para, em conjunto com a imagem que vai aparecendo para o aluno, terá áudio, cujos sons serão impactantes, especialmente em contextos educacionais.
Com uso da realidade aumentada será possível aguçar os sentidos dos alunos, ou seja, VER imagens, com impressionante resolução e movimentos, OUVIR sons, que os farão SENTIR diversas emoções e, como resultado, inspirar os alunos a PENSAR sobre as experiências que a realidade aumentada oferecerá.
José Paulo não chega nesse debate por modismo. Ele concluiu, em 2023, o programa XBA (Xponential Business Administration), onde estudou temas como metaverso, startups educacionais e inteligência artificial humanizada. E, a partir de junho de 2025, iniciará um novo MBA nos Estados Unidos com foco em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) — áreas estratégicas para o futuro da educação global.
Com a nova plataforma, ainda em desenvolvimento, ele reforça que o objetivo do seu projeto é a transformação da educação. “A tecnologia pode ajudar, mas a educação precisa ser o propósito. O que eu quero é ajudar os alunos a reencontrarem o gosto por aprender e, por consequência, se tornarem profissionais mais bem qualificados. Além disso, com esse movimento haverá um maior interesse na formação de profissionais da educação — algo que, infelizmente, o atual sistema educacional não vem conseguindo oferecer.”