De um improvisado consultório na sala de casa ao trabalho com perícias em crimes contra animais, a trajetória de Victoria Sousa revela uma dedicação construída na prática, no afeto e na persistência
O primeiro paciente de Victoria Sousa atendia por Snowball, um cãozinho caramelo que, como muitos, virou parte da família. Ela ainda era criança quando começou a “examinar” o amigo de quatro patas, usando uma lanterna de brinquedo e o que imaginava ser um estetoscópio. O que parecia brincadeira virou rotina — e, com o tempo, propósito. Quando Snowball morreu por complicações de uma hérnia de disco, Victoria ainda era muito nova, mas já sabia o que queria: tornar-se a veterinária que ele não teve.
Essa ideia não foi embora. Mesmo quando a realidade dificultou o caminho. Criada em uma família com recursos limitados, ela precisou começar a trabalhar aos 17 anos como operadora de caixa em um supermercado. Durante a graduação em medicina veterinária, precisou interromper os estudos por não conseguir pagar as mensalidades. Foi um período duro, de frustração, mas também de amadurecimento. Trabalhando sete dias por semana, sem folgas, conseguiu voltar para o curso e concluí-lo — à base de esforço, cansaço e um amor que nunca esmoreceu.
Assim que formada, mergulhou de vez na prática clínica. Atuou como plantonista em hospitais veterinários, enfrentando plantões noturnos, emergências e a constante pressão de decisões difíceis. Mais tarde, assumiu a responsabilidade técnica na PETZ, uma das maiores redes de pet shops do Brasil. Ali, liderou equipes, definiu protocolos e passou a olhar para a gestão com o mesmo cuidado com que sempre olhou para os animais.
Mas foi em uma madrugada comum de trabalho que sua vida mudou de novo. Um cão foi trazido por um policial. Estava embrulhado em um pano ensanguentado, ferido após ter sido esfaqueado em uma briga doméstica. “A cavidade torácica estava exposta. Eu consegui estancar o sangramento, mas algo em mim não estancou. Percebi que só tratar a ferida não bastava”, conta.
Foi ali que nasceu a vontade de atuar também na medicina veterinária legal. “Não é só sobre identificar sinais de violência. É sobre documentar com precisão, garantir que a prova se sustente, e que o agressor seja responsabilizado”, explica.
Sua prática se destaca por um olhar mais completo sobre o bem-estar animal. Victoria atende casos clínicos, acompanha famílias em momentos difíceis, orienta sobre prevenção e segue trabalhando para ampliar a proteção legal aos animais — uma atuação que transita entre a ciência, o afeto e a urgência social.
Ao olhar para trás, ela não enxerga apenas obstáculos vencidos, mas também os passos que a trouxeram até aqui. “Muitas vezes duvidei se conseguiria. Mas cada pausa, cada recomeço, fez parte do processo. Hoje, eu entendo que a minha história não é sobre sorte — é sobre persistência”, afirma.
Victoria continua estudando, atendendo, escrevendo e buscando novas formas de transformar sua prática em impacto real. Seu próximo passo é expandir sua atuação no campo forense e se consolidar como referência internacional em proteção animal, especialmente na área pet e em ciências veterinárias aplicadas à justiça.
A trajetória dela ainda está em construção — e talvez seja exatamente isso que a torne tão inspiradora. Para acompanhar os próximos passos da Victoria Sousa e seu trabalho em defesa dos animais, siga pelo Instagram @mv_victoriasousa e acesse seu perfil no LinkedIn.
