Gestão humanizada: o que aprendi liderando pessoas por mais de duas décadas na área esportiva



Por Rodrigo Vitali – Gestor esportivo com 25 anos de atuação no Sistema S

Ao longo de 25 anos trabalhando com gestão esportiva em diferentes unidades do Sistema S, aprendi que liderar não é sobre mandar, nem sobre controlar. É, antes de tudo, sobre escutar, entender e criar condições para que as pessoas deem o melhor de si. Falar em gestão humanizada pode soar como algo abstrato ou teórico, mas, na prática, ela começa nos pequenos gestos do dia a dia — e é isso que transforma o ambiente de trabalho.

Durante minha trajetória, coordenei equipes em academias, piscinas, quadras e eventos esportivos de grande porte. Trabalhei com professores, estagiários, coordenadores, pessoal da recepção, manutenção e limpeza. Em cada função, encontrei pessoas diferentes, com ritmos, histórias e níveis de engajamento distintos. E foi ali, convivendo com essas equipes, que percebi: não existe liderança eficaz sem escuta ativa e respeito às individualidades.

Muitas vezes, o maior desafio não está em montar um bom cronograma ou organizar um evento. Está em entender por que determinado colaborador perdeu a motivação, por que a equipe está com dificuldade de se comunicar ou por que aquele projeto, apesar de bem planejado, não está fluindo. Nesses momentos, a solução quase nunca está nos indicadores — está nas pessoas.

Claro que a gestão exige metas, resultados e organização. Mas isso não precisa — nem deve — ser feito às custas do bem-estar das equipes. Ao contrário: quando o ambiente é saudável, quando o gestor se mostra presente, acessível e coerente, os resultados vêm com muito mais consistência. Não por obrigação, mas por compromisso real de quem sente que faz parte de algo maior.

Sempre fui exigente com os processos. Gosto de organização, de metas claras e de qualidade na entrega. Mas nunca abri mão de enxergar o lado humano de cada profissional. Em vez de impor, sempre procurei envolver. Em vez de delegar friamente, tentei dividir responsabilidades com clareza e propósito. Essa postura não apenas fortalece as relações de trabalho, como cria equipes mais comprometidas, confiantes e produtivas.

Outro ponto essencial é entender que a liderança não é sobre centralizar. Ao longo dos anos, aprendi a confiar nos talentos da equipe e a dar espaço para que cada um contribua com aquilo que sabe fazer melhor. Quando o gestor insiste em controlar tudo, ele limita o potencial do time. Quando ele escuta, orienta e compartilha, o ambiente cresce junto.

Isso não significa abrir mão de autoridade. Significa exercê-la com empatia, com firmeza e com respeito. A liderança humanizada não é permissiva — ela é atenta. É uma liderança que acompanha de perto, que reconhece os esforços e que sabe quando cobrar, mas também quando acolher.

Nos últimos anos, muito se tem falado sobre tecnologia, dados, inteligência artificial e ferramentas digitais na gestão esportiva; e, sim, tudo isso é importante. Mas nenhuma tecnologia substitui o olhar de quem conhece a equipe, que sabe quando algo não vai bem apenas pela postura de um colaborador. O contato direto, a escuta e a convivência seguem sendo insubstituíveis.

O maior legado que um gestor pode deixar não está nos números, e sim nas pessoas que passaram por ele e se sentiram respeitadas, motivadas e vistas. Se eu pudesse resumir tudo o que aprendi em uma frase, seria: liderar é construir relações de confiança — e isso começa pelo exemplo.

Rodrigo Vitali é formado em Educação Física e Administração, com MBA em Administração e Marketing. Atuou por 25 anos no Sistema S, liderando equipes esportivas em diversas unidades do SESC-DF. Também participou da organização de eventos como o Triatlo SESC Brasília e contribuiu com a obra “Gestão de Instalações Esportivas Indoor”, publicada pela Universidade de Brasília.

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