IA e Medicina: Dr. Raul Capelo analisa como a tecnologia está transformando o cuidado com a saúde



A inteligência artificial avança nos consultórios, hospitais e laboratórios, mas o olhar humano continua essencial no diagnóstico e no cuidado

A relação entre tecnologia e medicina nunca foi tão próxima quanto agora. O que até poucos anos atrás parecia uma ideia distante, hoje começa a fazer parte da prática médica com cada vez mais naturalidade. Ferramentas de inteligência artificial estão sendo incorporadas ao cotidiano de clínicas e hospitais, mudando a forma como médicos trabalham e como pacientes são atendidos.

Um exemplo recente e expressivo vem da Microsoft, que apresentou ao mundo o MAI-DxO, um sistema de IA desenvolvido para diagnosticar doenças complexas com alto grau de precisão. Em testes realizados com base em 304 casos publicados na revista científica New England Journal of Medicine, o sistema acertou 85,5% dos diagnósticos, número muito superior ao dos médicos participantes do estudo, que acertaram em média 20% dos mesmos casos. A ferramenta simula um painel de especialistas virtuais que trocam hipóteses, solicitam exames e ajustam os caminhos clínicos de acordo com o perfil e os sintomas do paciente.

Esse avanço impressiona, mas levanta questões importantes sobre o papel do médico nesse novo cenário. Para o médico cearense Dr. Raul Capelo, que atua em emergências nos municípios de Aquiraz, Itaitinga e Pacatuba, no Ceará, a inteligência artificial tem valor justamente por ampliar as possibilidades de atuação da medicina em locais e contextos com limitações estruturais. “A IA pode ser uma aliada estratégica para agilizar decisões clínicas, principalmente em regiões onde há escassez de especialistas ou recursos”, afirma.

Ele destaca, no entanto, que a presença da máquina não elimina a necessidade de um olhar humano, crítico e sensível. “É essencial entender que essas tecnologias não substituem o médico. Elas ajudam, orientam e, em muitos casos, oferecem sugestões valiosas, mas a responsabilidade final continua sendo nossa. Existe uma dimensão subjetiva no cuidado que nenhum algoritmo consegue alcançar.”

Na prática, o uso da inteligência artificial já está presente em diversas etapas da rotina hospitalar. Desde a triagem em prontos-socorros, passando pela análise de exames de imagem e interpretação de grandes volumes de dados clínicos, as ferramentas inteligentes são capazes de acelerar diagnósticos e identificar padrões que poderiam passar despercebidos. Isso se torna ainda mais relevante em tempos de custos crescentes com saúde, como observou a própria Microsoft, ao defender que o MAI-DxO também foi projetado para trabalhar dentro de orçamentos limitados, evitando desperdícios e exames desnecessários.

Outra contribuição importante da IA está na disseminação de informação confiável. Em regiões remotas, onde o acesso a profissionais é escasso, plataformas digitais baseadas em inteligência artificial têm servido como ponte entre a população e o conhecimento médico. Elas não substituem uma consulta, mas podem orientar decisões básicas, esclarecer dúvidas e reduzir o risco de agravamentos.

Dr. Raul, que além da medicina tem formação em programação e acompanha de perto o avanço das tecnologias digitais, vê com entusiasmo o caminho que está sendo construído. Ao mesmo tempo, ele acredita que a incorporação da IA à prática clínica exige cautela, regulação e, sobretudo, ética. “É preciso garantir que esses sistemas sejam usados com responsabilidade, sob supervisão e com atenção ao bem-estar do paciente. A inovação tem que caminhar junto com a sensibilidade humana”, reforça.

Em uma era de transformações aceleradas, a medicina encontra na inteligência artificial uma nova aliada. Mas, como lembra Raul Capelo, ela deve servir como ferramenta, e não como substituta. O diagnóstico, o cuidado e a empatia continuam sendo construídos com base na escuta, na experiência e no vínculo entre médico e paciente.

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