Será que tudo é depressão?



Saiba como diferenciar o que é depressão de um estado deprimido momentâneo, evitando a banalização da doença.

Contratempos e problemas na vida são coisas que afetam todas as pessoas, independente de cor, raça, classe social ou gênero. E em muitos dos casos, esses sentimentos podem causar confusão nas pessoas, por muitas tirarem conclusões precipitadas de seu diagnóstico e por se rotularem deprimidas ou depressivas.

Para o médico e psiquiatra Bruno Brandão, é de extrema importância que as pessoas tomem cuidado ao se precipitar com conclusões, sejam sobre elas mesmas ou com relação a outras pessoas que possuem comportamentos que diferem do que é considerado usual. “Primeiramente, tem que ficar claro que nem tudo é depressão. Existe muita diferença entre ter depressão e estar deprimido, que pode ser uma coisa momentânea ou que dure apenas alguns dias, a depender do que a pessoa passou ou está passando. Devemos ter muito cuidado antes de afirmar algo como se fosse uma verdade que não é”.

Ter inteligência emocional para se controlar e não tomar atitudes que podem piorar esses cenários também é um desafio. “Casos em que as pessoas fazem o diagnóstico de estarem com depressão, ansiedade, ou algum outro problema, é tão grave que elas começam a tomar remédios para isso sem prescrição. Os medicamentos servem para corrigir o que está alterado, e quando não existe nenhuma alteração no sistema neurológico, os efeitos colaterais podem ser ainda piores”, afirmou o médico psiquiatra.

Saúde de dentro para fora!

Erros e desvios são condições que todo ser humano está condenado a cometer, mas isso não necessariamente é o “fim do mundo”. O especialista ressalta que as pessoas devem deixar de lado o conceito de que estresse e ansiedade são apenas coisas ruins, já que são condições naturais e fazem parte da vida de todos nós. “Viver sem nenhuma preocupação não existe em lugar algum. É isso que nos ajuda a lutar contra as adversidades e encontrar soluções para os problemas e é super comum. Isso só chega a atrapalhar o indivíduo quando o excesso desses sintomas comprometem a sua rotina e seu relacionamento com outras pessoas. Aí sim, pode ser que o médico traga algum diagnóstico”, explicou Bruno.

Outra importante dica e avaliação do médico é saber como está a sua rotina do dia a dia. A frase: “você é o que você come”, faz todo o sentido neste momento. “Avaliar como você se comporta e o que faz ou deixa de fazer também é uma ótima forma de controlar esses sintomas e não precisar apelar para medicamentos de forma desnecessária. Você está dormindo bem, em média de 8 horas por dia? Tem uma alimentação balanceada, pratica exercícios físicos e ingere a quantidade necessária de água por dia? Isso importa muito em nossa vida, e deixar essas obrigações de lado pode trazer danos a nossa saúde, não necessariamente depressivos, mas que podem descontrolar o nosso corpo”, garantiu o especialista.

Ele ainda acrescenta que depressão é uma doença muito séria e a banalização desse termo não colabora em nada para ajudar e tratar quem realmente sofre desse problema. “Uma boa rotina e o apoio emocional de outras pessoas em momentos difíceis pode ser a ajuda que estava precisando, para que a vida, por mais que não seja fácil, consiga ser vivida de forma mais leve e menos preocupante”, declarou o psiquiatra.

Fonte: Bruno Brandão, médico psiquiatra. Possui título de especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP. Especialização em dependência química pela unidade de álcool e drogas pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (@brunopsiquiatra).

Foto: Reprodução da Internet

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