Ficou claro que solidariedade não é uma
virtude da nossa sociedade; Será que não
temos o governo que merecemos?
*Colunista:
*Felipe José de Jesus
*Jornalista / Sociólogo/ B.Teologia
*Me. Comunicação Social: Jornalismo
*B.Direito e Dout. Ciências Sociais e Políticas
[dropcap size=big]H[/dropcap]á quase um mês o país parou em detrimento da paralisação dos caminhoneiros que reivindicavam queda no valor dos combustíveis. O que eles queriam era chamar a atenção da população brasileira para uma questão que estava atingindo há anos o seu orçamento e sua sobrevivência. Como pagar por um combustível tão caro e ainda arcar com pedágios e às vezes fretes nas estradas? Ficou claro que esses caminhoneiros não eram apenas motoristas, mas sim, “mágicos nos picadeiros da vida”, pois aos ‘trancos e barrancos’ eles ainda sustentavam suas famílias com louvor.
O apelo chegou aos ouvidos dos brasileiros e muitos se comoveram, mas apenas nos discursos em Redes Sociais não é mesmo? Bastava sair de casa para ver as ‘filas quilométricas que dobravam as ruas’ para abastecer. Nem mesmo o aumento nas ‘bombas de gasolina’ foi capaz de ‘frear’ o consumo exacerbado dos brasileiros que ‘mal acostumados’ não utilizam mais os ônibus e vão até mesmo na ‘padaria da esquina de casa’ de carro. Como mostrar para os políticos que nos representam (ou que dizem representar) que todos queriam mudanças, já que as filas nos postos de combustíveis mostravam que o brasileiro seria capaz de pagar até R$100 pelo litro de combustível para não andar a pé?
No comércio a paralisação fez crescer a ambição entre os donos de estabelecimentos. Pente de ovos que custava R$8 passou para R$12 à R$15, mas outros produtos simples tiveram alteração de preço (assustadores) sob a alegação de que o estoque estava baixo. Ao invés de reduzirem a quantidade vendida por consumidor e se comoverem com a situação, os comerciantes preferiram por os preços nas alturas e lucrar absurdamente sobre os consumidores. Se um cidadão comum se matava, dormia nas filas dos postos de gasolina para abastecer o tanque do seu carro, porque não poderia pagar mais caro por um pente de ovos?
Em países mais desenvolvidos a política de aumento de preços faz cidadãos pararem seus carros em plena via pública como uma forma de reivindicação. Aqui no Brasil faz as filas dobrarem nos postos de gasolina porque o brasileiro só sabe reclamar, mas não sabe reivindicar por melhorias. Se acomoda com o que tem e se dá por satisfeito por ter um ‘carrinho’ na garagem. Reclama do transporte público, mas não anda nele há anos. Vivemos em uma sociedade altamente consumista que não vive sem automóvel, mas que ‘raciocina pouco’ porque acredita que estudar é perda de tempo. Gasta de R$200 a R$500 semanalmente com gasolina e finge se preocupar com o aumento da passagem de ônibus quando parte da população ‘vai às ruas’. Pesquisa comprova que o brasileiro gasta 3,5 dias de trabalho para completar um reservatório de 55 litros. Um valor alto de acordo com educadores financeiros:“É um porcentual de comprometimento muito elevado. O ideal seria que fosse algo entre 2% e 3% do rendimento”, comentou o educador financeiro Reinaldo Domingos em entrevista recente a Revista Veja.
Saída?
Como buscar uma luz no fim do túnel se já estamos perdidos e mal acostumados com pequenas coisas? A abertura do comércio de consumo (que inclui) a compra de automóvel por um preço mais acessível, não ensinou que para ter um automóvel é preciso ter condições financeiras. Vejo pessoas reclamando que não conseguem guardar dinheiro e poupar, mas vejo essas mesmas pessoas torcendo o nariz quando o assunto é se locomover de ônibus. O que a greve nos mostrou? Que solidariedade não é de fato uma ‘bandeira que levantamos’ quando nosso irmão precisa de ajuda. A sociedade olha para o seu umbigo e nada mais, você tem alguma dúvida? Paralisação: Você tem ‘dó’ do cidadão brasileiro? Não deveria ter tanto assim. Ficou claro que solidariedade não é uma virtude da nossa sociedade; Será que não temos o governo que merecemos? Pense nisso.