Dona da Ricardo Eletro pede recuperação judicial, fecha lojas e demite em massa



Máquina de Vendas está com um prejuízo estimado em R$ 4 bilhões, agravado pela pandemia

A holding Máquina de Vendas, terceira maior do Brasil no ramo de eletrodomésticos e dona da Ricardo Eletro, anunciou nesta sexta-feira (7) que pediu recuperação judicial devido a uma dívida que ultrapassa os R$ 4 bilhões. Em razão disso, as cerca de 300 lojas da companhia, que engloba as marcas Lojas Salfer, CityLar, Lojas Insinuante e Eletroshopping foram fechadas e aproximadamente 3.500 funcionários foram demitidos.

Segundo a vice-presidente de Inovação da empresa, Ana Garini, a crise se agravou com a pandemia de coronavírus. “A Máquina de Vendas já vinha em um processo de reestruturação desde o início do ano passado, quando foi pedida uma recuperação extrajudicial, mas com a pandemia complicou ainda mais. Nós já vínhamos sentindo dificuldade porque estava difícil comprar da China. Em março, fomos os primeiros a fecharem todas as lojas, independente de determinação de governo”, disse.

“Nós perdemos 38% do faturamento da noite para o dia. Montamos um comitê de crise e abrimos os canais digitais da companhia, com vendas pelo WhatsApp e televendas. Mas passamos esses últimos cinco meses com 60% a 80% das lojas fechadas, e a situação ficou insustentável”, contou Ana.

Ainda de acordo com a vice-presidente, a folha de pagamento está toda em dia, apesar de, com os desligamentos, haver negociação com os sindicatos dos empregados. Atualmente, a companhia permanece com aproximadamente 1.000 funcionários.

Operação da Polícia Federal

Conforme Ana Garini, a operação da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que mirou o fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, com relação a sonegação fiscal, não teve influência na decisão do pedido de recuperação. “Todos sabem que desde o ano passado o Ricardo não faz mais parte do grupo, e essa operação não tem nada a ver com a empresa. Na época, nós conseguimos explicar a situação para todos os nossos fornecedores”, explicou.

O mineiro Ricardo Nunes, chegou, em julho, a passar uma noite na prisão do Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) da Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte. As apurações apontam que o esquema funcionava da seguinte forma: a Ricardo Eletro, e outras companhias ligadas a Nunes cobravam dos clientes, já embutido no preço dos produtos, o valor correspondente ao ICMS. No entanto, o repasse não era feito aos cofres do Estado.

A prisão temporária do fundador da Ricardo Eletro foi decretada em 8 de julho. No dia seguinte, o pedido foi revogado pela Justiça de Minas. Ele foi solto após ter sido ouvido pelas autoridades.  Além dele, outras duas pessoas tiveram, no âmbito da operação, prisão preventiva decretada, mas não chegaram a ser presos: Laura Nunes, sua filha, e Pedro Daniel Magalhães, superintendente da Ricardo Eletro.

Inovação

Conforme a Ana, a Máquina de Vendas já está adotando um novo modelo de negócio para se recuperar. “A gente entende que muitos consumidores vão querer virar empreendedores, por isso, vamos fazer um modelo de parceria, em que qualquer pessoa poderá vender nosso produtos, tudo em nome da empresa”, afirmou.

Em vídeo, o presidente da companhia, Pedro Bianchi, informou que a Máquina de Vendas vai democratizar o comércio feito na internet. “Parceiros terão autonomia para negociar preços e condições de pagamento e terão comissões diferenciadas de acordo com o desempenho. A ideia é reduzir os custos fixos ao máximo para criar uma rede forte de colaboradores e uma roda de virtude. Hoje nasce o dia da nova Ricardo Eletro”, concluiu.

Do: Jornal O Tempo
Por GABRIEL MORAES

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