Saques superaram depósitos em 10 bilhões. Esse é o segundo pior resultado para o mês desde
o início da série histórica em 1995. Em oito meses, saída líquida é de R$ 80,2 bilhões
Em meio ao cenário de juros ainda em patamares elevados e o alto endividamento das famílias, os brasileiros seguem retirando recursos da poupança para conseguir fechar o orçamento. Em agosto, os saques de recursos das cadernetas superaram os depósitos em quase R$ 10,1 bilhões, segundo publicou o Banco Central nesta sexta-feira, 08/09.
Depósitos: R$ 321,6 bilhões;
Retiradas: R$ 331,7 bilhões.
Esse resultado foi o segundo pior para meses de agosto desde o início da série histórica, há 28 anos. O recorde foi justamente em agosto do ano passado, quando as saídas líquidas (saques menos depósitos) somaram R$ 22 bilhões. Esse é o segundo mês consecutivo da retirada de recursos de uma das mais populares modalidades de investimento. Em julho, os saques superaram os depósitos em R$ 3,58 bilhões. O único resultado positivo no ano aconteceu em junho.
Acumulado do ano
Nos oito primeiros meses de 2023, os saques da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 80,3 bilhões, segundo o BC. Esse foi o segundo maior valor já registrado para uma saída de recursos nesse período em quase três décadas, ou seja, desde 1995.
Cenário econômico
No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. No entanto, o cenário de juros elevados persiste e coincide com a retirada de recursos da poupança. Os juros ainda em patamares elevados refletem nas taxas cobradas pelos bancos tanto de empréstimos quanto do rotativo do cartão de crédito, cheque especial, etc. Na quarta-feira, 06/09, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que limita o valor cobrado no rotativo do cartão. Os juros nessa modalidade chegaram a 445,7% ao ano. Isso se soma ao endividamento das famílias, que atingiu 48,3% da renda acumulada nos doze meses até junho, segundo o Banco Central.
Rentabilidade da poupança
A poupança segue com um dos piores desempenhos entre seus pares da renda fixa. Isso acontece mesmo após a caderneta ter registrado em junho sua maior rentabilidade real, ou seja, descontada a inflação, em quase seis anos, de 5,22%. Pelas regras, a poupança segue com rendimento limitado. Quando a Selic está acima do patamar de 8,5% ao ano, o rendimento é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR). Segundo especialistas, a caderneta não é a melhor opção para fazer o dinheiro render. Os CDB e investimentos atrelados ao CDI, por exemplo, são alternativas mais vantajosas, pois seguem a Selic. Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.