O distanciamento social vivenciado a partir do início da pandemia obrigou a classe artística a reinventar seus processos de trabalho e também se tornou combustível para a criação de diversas obras artísticas que refletem esse momento peculiar que o mundo está passando. Um exemplo é o espetáculo CORAÇÕES EM ESPERA, da Focus Cia. de Dança, sediada no Rio de Janeiro, que nas apresentações dos dias 19 e 20 setembro contará com a participação especial da Cia de Dança Palácio das Artes. As duas sessões serão ao vivo, por meio da plataforma Zoom, e com início às 16h. O ingresso custa 35 reais e pode ser adquirido através do Instagram da Focus Cia de Dança (@focusciadedanca). A apresentação do dia 19 também será transmitida pelo canal da Fundação Clóvis Salgado no YouTube. Esse evento tem a correalização da Appa Arte e Cultura.
Concebido em meados do primeiro semestre de 2020, Corações em Espera já contou também com as participações da São Paulo Cia de Dança, do Balé cidade de Niterói, do Balé do Teatro Guaíra (de Curitiba), do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, do Balé cidade de Campina Grande e da Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão.
“Com exceção dos artistas da Cia de Dança Palácio das Artes, todos os outros bailarinos dos outros grupos que participaram do espetáculo disseram que foi a estreia deles em 2020 e por isso ficaram emocionadíssimos. Mesmo neste cenário de pandemia, os bailarinos querem e precisam estar em cena fazendo seus trabalhos”, revela Alex Neural, diretor da Focus Cia de Dança.
Reunindo em cena 21 artistas de diferentes cidades e com cada um atuando da sua própria casa, Corações em Espera traz à tona, como numa lente de aumento, sentimentos e faltas que permeiam as vidas, independentemente da condição de isolamento social. Para Alex Neural, é um “saber-se” e “isolar-se” que sempre existiu, e que hoje se intensifica e, em certa medida, modifica as pessoas. “Esse espetáculo é um respiro que transforma a casa em palco e o dia a dia em arte e que nos faz enxergar poesia em coisas cotidianas que nos cercam. Corações em Espera, não de uma maneira óbvia, toca as pessoas que se identificam nesse lugar, de todo mundo em uma mesma espera, angústia e esperança. As percepções são pessoais, mas o espetáculo tem um leque grande de questões emocionais”, observa Alex Neural.
Segundo Cristiano Reis, o convite para a Cia de Dança Palácio das Artes participar de Corações em Espera amplia as possibilidades de atuação e criação e promove um diálogo artístico com bailarinos que estão em estados geográficos distintos. “Talvez se a gente não tivesse vivendo esse momento de pandemia, a Cia de Dança Palácio das Artes não se encontraria com a Focus. E o desafio deste trabalho é deixar esse espetáculo vivo, utilizando-se de um formato que possibilita nos conectar com pessoas de outros lugares do mundo, por meio das câmeras. Outro desafio instigante é a execução e o entendimento da linguagem do diretor, o Alex Neural, e as composições dramatúrgicas e coreográficas propostas por ele aos bailarinos”, pontua Cristiano. .
CDPA no Palácio em sua Companhia – Dois trabalhos artísticos que integram o projeto Palácio em sua Companhia, da Fundação Clóvis Salgado, e que também trazem como questão o distanciamento social, podem ser destacados: (in)tensões, intervenção artística da Cia de Dança Palácio das Artes composta para ser apresentada em espaços públicos e que foi adaptada para o ambiente virtual, e a Trilogia do Afeto, série criada também pela CDPA, que retratou três fases distintas da pandemia por meio dos três vídeos “Abraço”, “A Saudade” e “Presente”. “O Abraço simbolizou a questão mais urgente naquele momento, pois o toque foi a primeira coisa que nos foi retirada. Já no segundo momento, fomos para o isolamento. Por isso, o tema saudade. Depois, a trilogia se encerrou com o vídeo Presente, trazendo um posicionamento de presença, de resistência e de fala, que evocava o que precisa ser mostrado e transformado”, explica Cristiano Reis, diretor da Cia. de Dança Palácio das Artes.
CIA DE DANÇA PALÁCIO DAS ARTES – Corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado – é reconhecida como uma das mais importantes companhias do Brasil e é uma das referências na história da dança em Minas Gerais. Foi o primeiro grupo a ser institucionalizado, durante o governo de Israel Pinheiro, em 1971, com a incorporação dos integrantes do Ballet de Minas Gerais e da Escola de Dança, ambos dirigidos por Carlos Leite – que profissionalizou e projetou a Companhia nacionalmente. O Grupo desenvolve hoje um repertório próprio de dança contemporânea e se integra aos outros corpos artísticos da Fundação – Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Coral Lírico de Minas Gerais – em produções operísticas e espetáculos cênico-musicais realizados pela Instituição ou em parceria com artistas brasileiros. A Companhia tem a pesquisa, a investigação, a diversidade de intérpretes, a cocriação dos bailarinos e a transdisciplinaridade como pilares de sua produção artística. Seus espetáculos estimulam o pensamento crítico e reflexivo em torno das questões contemporâneas, caracterizando-se pelo diálogo entre a tradição e a inovação.
FOCUS CIA DE DANÇA – Com 23 obras e 13 espetáculos em seu repertório, a Focus Cia de Dança se consagrou através da crítica especializada e sucesso de público. Apresentou-se em mais de 100 cidades brasileiras e levou sua arte para países como Colômbia, Bolívia, México, Costa Rica, Canadá, Estados Unidos, Portugal, Itália, França, Alemanha e Panamá. Em 2019 ganhou o 1º Prêmio Cesgranrio de Dança com a coreografia Keta do espetáculo STILL REICH e teve seu elenco indicado ao prêmio APCA durante a temporada na capital paulista. Em 2017 se apresentou na última edição do Rock In Rio, ao lado de Fernanda Abreu. Em 2016 recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, maior condecoração da cultura brasileira. Com o espetáculo As canções que você dançou pra mim, que já ultrapassou a marca de 300 apresentações, recebeu diversas indicações a melhor espetáculo do ano, por sua criatividade e originalidade. Em 2012 foi escolhida, através da seleção pública do Programa Petrobras Cultural, a receber o patrocínio durante três anos para desenvolvimento de suas atividades, dando início a uma parceria de manutenção. Mais de 1 milhão de espectadores já se encantaram com a poesia e a capacidade técnica lapidadas nas coreografias inovadoras de Alex Neoral e nos movimentos precisos de seus bailarinos. Atualmente integram seu elenco os bailarinos Carolina de Sá, Cosme Gregory, José Villaça, Marcio Jahú, Marina Teixeira, Monise Marques e Roberta Bussoni.