Coluna – A indiferença de parte da torcida com a seleção de Tite



Tite, treinador da seleção brasileira, vive grande dilema no cargo mais cobiçado do futebol mundial. De quase unanimidade, quando assumiu a função em 20 de junho de 2016, para as mais variadas críticas na eliminação para a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, quando foi acusado de não conhecer as estratégias e táticas das grandes seleções europeias, o trabalho prosseguiu mirando o Mundial de 2022, no Catar.

É verdade que todos os treinadores que passaram pela seleção brasileira viveram altos e baixos. Porém, algo diferente acontece no relacionamento de Tite com a torcida brasileira: a indiferença. Os torcedores estão desanimados, não acreditam na conquista do título mundial, entendem que o treinador é pedante e suas convocações repletas de equívocos. Como se diz popularmente, existe uma panelinha. Ou seja, um grupo de amigos é chamado independente do futebol apresentado.

Não existe unanimidade no futebol brasileiro. Ainda bem! Mas o assustador é que a maior parte do torcedor brasileiro segue indiferente ao trabalho de Tite, pessimista com o futuro da seleção brasileira e não acreditando no potencial técnico de vários jogadores convocados pelo treinador.

O maior exemplo foi dado na última sexta-feira (29), quando Tite convocou o Brasil para dois jogos das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo, contra a Colômbia (no dia 11 em São Paulo) e a Argentina (dia 16 em San Juan). Ninguém entendeu a convocação do meia-atacante Philippe Coutinho, em péssima fase no Barcelona e há anos enfrentando lesões e má fase técnica, nem a ausência do atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, um dos melhores brasileiros jogando no futebol europeu.

Esses são apenas dois exemplos recentes que mostram que Tite não fala a língua do torcedor brasileiro. E, no contato com a imprensa especializada, ele sempre tem explicações nada convincentes, justificativas infundadas e conceitos voltados ao passado. O futuro será promissor assim? Os garotos, que neste ano foram medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Japão, não seriam o melhor caminho para o sucesso? Mas, se a torcida clama por renovação, o treinador insiste em repetir erros do passado. O resultado é que a indiferença da torcida com a seleção só aumenta.

Desempenho ou eficiência?

O torcedor ou crítico especializado que analisar friamente apenas os números da seleção brasileira sob o comando de Tite ficará animado. Na Copa América, o Brasil foi campeão em 2019 em cima do Peru e perdeu a edição de 2021 para a Argentina. Duas finais nas duas últimas edições da competição. O problema é que ganhou de um adversário fraco e perdeu de um forte.

Nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022, o Brasil está invicto e lidera com tranquilidade. Sua vaga no Mundial está praticamente garantida. Em 11 jogos, foram 10 vitórias e um empate, com 26 gols marcados e apenas quatro sofridos. Desempenho excelente.

O problema é a eficiência, aquela que pode dar à seleção brasileira o sonhado título da Copa de 2022. O futebol apresentado encanta? Não! Quando bem marcado, como aconteceu na última final da Copa América pela Argentina, o Brasil consegue mostrar algo a mais? Não! Quando Neymar, o único craque brasileiro, não desequilibra temos outra alternativa? Não! Existem repertórios de esquemas táticos e variações de jogadas? Também não! Preocupante!

Esses são os grandes problemas da seleção brasileira. Tite pode, e deve, escalar os melhores. Aqueles jogadores que estão em grande fase em seus clubes, e em condições de colocar em prática dentro do campo o que for traçado pelo treinador. No entanto, os melhores nem sempre são convocados. As preferências pessoais do comandante do time canarinho geralmente são priorizadas em detrimento do que todos, torcedores e críticos especializados, acompanham. E por isso existe tanto pessimismo.

É possível que Tite minimize essa indiferença da torcida brasileira pela seleção brasileira? Sim! A Copa acontecerá somente nos meses de novembro e dezembro de 2022. Mas, para que isso aconteça, será necessário que o treinador mostre que existem justiça e critérios bem definidos em suas convocações. Que os melhores jogadores na atualidade tenham as mesmas oportunidades que os seus preferidos. E, principalmente, que o futebol do Brasil encante como os das potências europeias: França, Itália, Alemanha, Bélgica, entre outras.

Não adianta a seleção brasileira ser imbatível nos pontos corridos diante de Peru, Venezuela, Bolívia, Chile, Paraguai, Equador e até mesmo das tradicionais Argentina, Uruguai e Colômbia. E valendo título mostrar suas limitações, como aconteceu recentemente diante dos argentinos, na final da última Copa América em pleno território brasileiro.

A Copa do Mundo cresce de nível a partir dos mata-matas. E a seleção de Tite, quando enfrentou uma força europeia, como a Bélgica no último Mundial, voltou para casa mais cedo. É preciso mudar. Não apenas para cativar o torcedor brasileiro, tão indiferente com o time canarinho. A mudança é necessária, pelo menos, para o Brasil chegar ao Catar bem cotado para brigar pelo título.

Hoje, infelizmente, o Brasil de Tite ainda é uma incógnita. Por enquanto, a indiferença da torcida prossegue em grande escala! E, para tentar mudar essa situação, será necessário que o treinador reveja seus conceitos. É preciso jogar bola para convencer, empolgar e cativar a torcida. Mudar é o caminho.

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