Cerca de 28% das pistas de pouso na Amazônia está em área protegida




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Um levantamento inédito do MapBiomas identificou 2.869 pistas de pouso na Amazônia, segundo a entidade, mais do que o dobro das pistas contidas nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Pelas coordenadas geográficas, 804 pistas de pouso, ou 28% do total, estão dentro de alguma área protegida: 320 (11%) ficam no interior de Terras Indígenas (TI) e 498 (17%) no interior de unidades de Conservação. Os dados podem ser acessados neste link: Projeto MapBiomas – Mapa de Pistas de Pouso da Amazônia 2021 (v1).

O projeto MapBiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida por uma rede multi-institucional de universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do território.

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Segundo os dados levantados, essas pistas ficam até 5 km ou menos de distância de um garimpo, 456 dessas pistas, ou 15,8% do total contabilizado. No interior de Terras Indígenas, esse percentual é maior: no caso da TI Yanomami, 33,7% das pistas estão a 5 km ou menos de algum garimpo; na TI Kayapó, esse percentual é de 34,6%; na TI Munduruku, 80%.

O ranking das pistas em Territórios Indígenas coloca as TIs Yanomami  com 75 pistas, Raposa Serra do Sol – 58, Kayapó – 26, Munduruku e Parque do Xingu  com 21 pistas cada.

Três das cinco terras indígenas com maior quantidade de pistas de pouso são também as de maior área garimpada: a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021, seguida pelo território Munduruku, com 4.743 hectares e a terra Yanomami, com 1.556 hectares. 

Os dados são do último levantamento do MapBiomas sobre garimpo e mineração no Brasil. As unidades de Conservação com maior número de pistas de pouso, por sua vez, são a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós (156 pistas), a Floresta Nacional (Flona) do Amaná (53), a APA Triunfo do Xingu (47) e a Floresta Estadual do Paru (30).

Os estados com maior quantidade de pistas de pouso na Amazônia são Mato Grosso (1.062 pistas), Pará (883), Roraima (218) e Tocantins (205). No Pará ficam os quatro municípios com mais pistas de pouso: Itaituba (de onde sai 81% do ouro ilegal do país, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais em cooperação com o Ministério Público Federal), São Félix do Xingu, Altamira e Jacareacanga com 255, 86, 83 e 53 pistas, respectivamente. 

Quando as pistas são classificadas por bacia hidrográfica, a lista é liderada pelas bacias do Rio Tapajós (onde o garimpo tingiu as águas de Alter do Chão e onde estudos já comprovaram a contaminação por mercúrio dos ribeirinhos rio acima), com 658 pistas; Rio Xingu, com 430 pistas; Rio Madeira, com 356 pistas; e Rio Negro, com 254 pistas.

Em 2021, o bioma amazônico concentrou mais de 91% do garimpo brasileiro. Nos últimos 10 anos, a expansão da área de garimpo em Terras Indígenas (TIs) foi de 625%, saltando de pouco mais de 3 mil hectares em 2011, para mais de 19 mil hectares em 2021. Nas unidades de Conservação (UCs) a expansão de área garimpada foi de 352% em 10 anos, saltando de 20 mil hectares em 2011 para pouco mais de 60 mil hectares em 2021, segundo informações do Mapbiomas.

O mapeamento das pistas de pouso foi realizado pela Solved, que atua na criação de software, hardware e rotinas computacionais voltadas ao campo do Sensoriamento Remoto e Análise Espacial e que também realiza o mapeamento de mineração, aquicultura e zona costeira no MapBiomas. Ele oferece uma base de dados pontual (feita por pares de coordenadas X-Y), que foi construída por interpretação visual de imagens alta resolução (4 metros de resolução – Planet), a partir de mosaicos mensais de 2021 e, em sua primeira versão, sem dissociação entre pistas autorizadas ou não-autorizadas.

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