Vivemos tempos em que todo mundo tem opinião sobre tudo. Mais do que isso, as pessoas querem que sua opinião seja aceita, validada e confirmada pelos outros. Discordar virou quase um crime, um sinal de afronta. Mas a grande questão é: até que ponto vale a pena lutar para provar algo para quem já decidiu o que quer acreditar? Até que ponto vale o desgaste de explicar, justificar e rebater?
A verdade é que algumas batalhas simplesmente não valem o esforço. Há discussões que não são diálogos, mas monólogos travestidos de debate. A pessoa não quer ouvir, só quer falar. Não quer entender, só quer estar certa. E nesse cenário, insistir em ter razão pode sair caro. Custa energia, custa paciência, custa paz.
Aprender a escolher quais brigas valem a pena é um sinal de maturidade. Nem tudo precisa ser respondido, nem toda opinião merece réplica, nem toda provocação exige reação. Porque, no fim das contas, a vida segue. Enquanto alguém está preocupado em criar narrativas sobre quem você é, você pode simplesmente estar vivendo. Enquanto gastam energia tentando te definir, você pode estar ocupado demais sendo.
A necessidade de convencer o outro é uma armadilha. É um ciclo infinito, onde o argumento nunca é suficiente e a explicação nunca basta. Quem quer entender, entende no silêncio. Quem já decidiu não enxergar, não verá nem com as palavras mais bem escolhidas. Então, para quê insistir?
Há um conforto imenso em simplesmente deixar pra lá. Em aceitar que algumas pessoas vão pensar o que quiserem, e isso não muda quem você é. Deixar que a vida mostre o que precisa ser mostrado, sem precisar de defesa ou justificativa. A verdadeira liberdade talvez esteja aí: no direito de não se explicar.
Mas isso não significa que seja fácil. No começo, há um impulso quase automático de tentar se justificar, de querer mostrar o seu lado da história. É humano. Queremos ser compreendidos. Queremos que as pessoas saibam quem somos de verdade. O problema é que nem sempre elas querem saber. Algumas já criaram a versão delas e qualquer coisa que você disser será apenas ruído. Então, de novo, para quê insistir?
Talvez a resposta esteja em olhar para dentro e entender que nossa paz não pode depender do reconhecimento externo. Se você sabe quem é, se está em paz com suas escolhas, se dorme tranquilo com sua consciência, isso já é suficiente. O que o outro pensa, sente ou fala sobre você não define nada. O que define é o que você carrega por dentro, a sua verdade, o seu caráter.
E nessa jornada, uma coisa fica clara: não adianta gastar energia tentando fazer com que todos gostem de você. Não adianta querer agradar a todo mundo, porque sempre haverá alguém para criticar, distorcer, inventar. E se você tentar rebater cada coisa que disserem, vai viver cansado.
A vida é feita de escolhas. Podemos escolher brigar por tudo ou podemos escolher a leveza. Podemos gastar nosso tempo explicando e explicando ou podemos simplesmente seguir em frente. Podemos carregar o peso de tentar convencer os outros ou podemos aceitar que algumas opiniões nunca vão mudar.
O que vale mais? Passar os dias discutindo, se justificando, perdendo a paciência, tentando provar um ponto? Ou simplesmente deixar pra lá, seguir com o que realmente importa e viver sem esse peso?
O tempo ensina que muitas coisas que nos preocupavam antes, hoje já não fazem diferença. Discussões que pareciam essenciais se tornam irrelevantes com o passar dos anos. E é assim que aprendemos a importância de soltar, de não segurar o que não nos acrescenta.
E no final, o que realmente importa? Ter razão ou ter paz?
A resposta parece óbvia, mas na prática, muitos ainda escolhem o peso de provar um ponto, enquanto outros, em silêncio, seguem leves.
E eu escolho a leveza. Escolho minha paz. Porque se custa a minha paz, é caro demais.