Muito além da digitalização: por que integração será o próximo passo para o automotivo e o e-commerce



Por Thiago Fernandes de Freitas

Empresário, investidor e especialista em modelos escaláveis de e-commerce e logística inteligente. Fundador da Keep It.

Participei ativamente da digitalização do setor automotivo no Brasil. Trabalhei junto a Webmotors, quando ainda era preciso convencer o mercado de que vender carro pela internet fazia sentido. E, mesmo depois de anos atuando com tecnologia, sigo observando um movimento claro: a digitalização foi só o começo. O verdadeiro diferencial competitivo está — e estará cada vez mais — na capacidade de integrar todas as pontas da jornada de compra.

Hoje, o consumidor é híbrido. Ele pesquisa online, avalia reputações, se comunica por WhatsApp, lê comentários, compara preços e decide onde fechar negócio com base na experiência mais fluida e confiável. Uma pesquisa do Reclame AQUI mostra que quase metade dos brasileiros já alterna entre canais físicos e digitais, dependendo do momento. Ou seja: quem ainda pensa em “loja física x e-commerce” já está atrasado.

E esse novo comportamento exige um ecossistema mais conectado, com menos barreiras e mais personalização.

Ao longo da minha trajetória, criei modelos de dropshipping automotivo e formatos de investimento em veículos como ativos financeiros, sempre com o objetivo de simplificar processos e dar mais autonomia a quem compra e a quem vende. Com a Keep It, meu foco tem sido em logística urbana inteligente — usando armários automatizados para conectar microempreendedores e consumidores em uma rede de entrega descentralizada e acessível.

Mas não é só sobre tecnologia: é sobre entender as novas exigências do consumidor.

A personalização, por exemplo, deixou de ser diferencial — virou expectativa. Hoje, quem compra um veículo (ou qualquer produto de valor) espera que as plataformas entendam suas preferências, façam recomendações assertivas e ofereçam soluções sob medida. Isso só é possível com sistemas integrados, inteligência artificial aplicada e uma gestão de dados bem estruturada.

Outro ponto fundamental é a agilidade na jornada de compra. Entre 2019 e 2024, o tempo médio para fechar uma compra de veículo caiu de forma significativa. As pessoas querem decisões rápidas, sem fricções. Por isso, criar experiências onde o cliente pode resolver tudo remotamente — da pesquisa ao fechamento — tem sido uma prioridade nos modelos que desenvolvo. Velocidade e simplicidade andam juntas na nova lógica de consumo.

A redução da burocracia também se tornou um diferencial competitivo. Quando criei o modelo de dropshipping automotivo, a ideia era exatamente essa: cortar etapas desnecessárias e permitir que o empreendedor pudesse operar sem grandes estruturas. Hoje, com as tecnologias disponíveis, é possível oferecer um processo de compra mais direto, seguro e flexível — e isso vale tanto para carros quanto para produtos do dia a dia.

Outro dado importante: mais de 90% dos brasileiros pesquisam online antes de visitar uma loja, segundo a Fenabrave. Isso mostra que a decisão de compra começa muito antes do contato direto com a marca. E o que pesa nessa decisão? Reputação, avaliações, credibilidade. O consumidor está mais informado e mais criterioso — e exige uma comunicação transparente e autêntica.

Por fim, não dá para falar de futuro sem falar de sustentabilidade. O cliente de hoje quer agilidade, sim, mas também se preocupa com o impacto das escolhas que faz. Modelos de logística mais eficientes, veículos com menor emissão e negócios com responsabilidade ambiental ganham espaço — não apenas por convicção, mas por competitividade. Na Keep It, por exemplo, estamos conseguindo reduzir a emissão de CO₂ ao otimizar rotas e eliminar etapas desnecessárias de entrega. Isso é bom para o negócio e melhor ainda para o ambiente.

Acredito que o setor automotivo, o varejo digital e a logística estão caminhando para um mesmo ponto de convergência: ecossistemas conectados, personalizáveis, ágeis e conscientes. Quem conseguir construir soluções baseadas nesses pilares não apenas acompanhará a evolução — vai liderá-la.

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