Educadora e gestora em Goiânia, ela criou um método próprio que alia ciência e sensibilidade para apoiar crianças com desafios de aprendizagem
De Goiânia a Juiz de Fora e de volta a Goiás, a jornada de Elizângela Costa B. Freitas Cascão, conhecida como Eli Cascão, une gestão, ciência e valores cristãos, consolidando um método próprio de inclusão que transforma escolas, fortalece equipes e amplia a autonomia de crianças com desafios de aprendizagem. Sua história é marcada pela coragem de inovar em momentos-chave e pela capacidade de integrar diferentes dimensões da vida em um projeto maior de impacto social.
Das lojas da família às salas de aula: o início de uma trajetória
A ligação de Eli com o trabalho começou cedo, aos 13 anos, na empresa de cama, mesa e banho de sua família em Goiânia. Ali, aprendeu a lidar com finanças, vendas, recursos humanos e gestão de equipes, experiência que a levou naturalmente à graduação em Administração de Empresas e mais tarde à expansão dos negócios para Minas Gerais.
Essa base de gestão seria um diferencial em toda a sua carreira, permitindo-lhe estruturar processos e enxergar cada instituição como um organismo vivo que precisa de clareza, organização e propósito. Paralelamente, sua vocação ministerial florescia, e há mais de 20 anos ela atua como capelã escolar, professora e conselheira de crianças, jovens e mulheres, conectando sua trajetória profissional a um chamado de fé e serviço que a sustenta até hoje.
O encontro com a Pedagogia ampliou sua missão, movida pelo desejo de apoiar crianças com dificuldades de aprendizagem e transtornos do neurodesenvolvimento, em especial o autismo, ela mergulhou em uma formação que incluía especializações em Neuropsicopedagogia clínica e escolar, Autismo e Transtornos do Neurodesenvolvimento, Gestão Escolar, Coordenação e Supervisão, Educação Inclusiva e Escola Cristã de Educação por Princípios. Essa soma de conhecimentos consolidou uma atuação que integra ciência, valores e práticas organizacionais em um mesmo projeto.
Uma escola inclusiva antes do tempo: o marco em Juiz de Fora
Durante os dez anos em que viveu em Juiz de Fora, Minas Gerais, Eli fundou uma escola de educação infantil com ênfase em inclusão, um marco de inovação que antecipava discussões que hoje ganham destaque nas redes de ensino. Atuando como diretora, psicopedagoga e pastora, ela estruturou rotinas, liderou docentes e acompanhou de perto alunos autistas e com TDAH, criando um espaço onde cada criança encontrava não apenas aprendizado, mas também acolhimento. Mais tarde, expandiu sua atuação para o Ensino Fundamental II, liderando equipes de professores, implementando práticas inclusivas e acompanhando os resultados pedagógicos de forma contínua.

Ciência, fé e organização: o nascimento de um método próprio
Dessa trajetória nasceu um método próprio, chamado “Estratégias práticas de neuropsicopedagogia aplicadas à inclusão escolar”, pensado para resolver problemas concretos enfrentados por escolas: a dificuldade de incluir alunos com transtornos do neurodesenvolvimento, a falta de preparo docente e a distância entre teoria e prática.
O diferencial da técnica está na combinação de ciência e sensibilidade, unindo a escuta clínica à realidade da sala de aula, com metodologias personalizadas para cada criança e processos replicáveis para diferentes contextos: “A neuropsicopedagogia me ensinou que cada criança tem um potencial escondido, que só precisa de acolhimento e estratégia para florescer”, afirma.
Formada também como Personal Organizer, Eli trouxe a organização para o centro de sua metodologia, estruturando fluxos, rotinas e ambientes de forma prática e funcional. Esse olhar transforma o cotidiano escolar, diminui ruídos operacionais e favorece que crianças com dificuldades de aprendizagem encontrem mais previsibilidade, foco e autonomia. Como resume a educadora, “transformar a escola em um espaço inclusivo é unir ciência, afeto e organização”.
Transformações visíveis: resultados em crianças, famílias e escolas
Os resultados aparecem tanto no desempenho dos alunos quanto na eficácia das equipes docentes. Crianças que antes tinham dificuldade de interação passaram a se comunicar, desenvolveram leitura e escrita em tempos realistas e conquistaram maior confiança para participar das aulas.
As escolas, por sua vez, ganharam clareza de processos, maior engajamento dos professores e uma cultura em que a inclusão deixou de ser discurso para se tornar prática cotidiana. Esse impacto também se estende à formação de profissionais: Eli já capacitou inúmeros professores, produziu materiais de apoio e participou de palestras, entrevistas e reportagens, sempre reforçando a ideia de que inclusão é responsabilidade coletiva e exige tanto técnica quanto propósito.
Hoje, de volta a Goiânia, ela coordena e dirige uma escola com 350 alunos, conciliando a gestão institucional com atendimentos neuropsicopedagógicos, mentorias e formações. Seu cotidiano é o reflexo de uma vida dedicada a integrar diferentes papéis, administradora, educadora, empreendedora e pastora, em um mesmo propósito. “Meu objetivo é criar ambientes onde cada aluno se sinta visto, respeitado e capaz de aprender”, resume.

Os próximos passos
Com um legado já reconhecido em Goiás e Minas Gerais, Eli prepara os próximos passos para expandir sua metodologia em nível nacional e internacional, oferecendo programas de formação para professores e escolas que desejam implementar práticas inclusivas de maneira estruturada e eficaz. Sua meta é tornar-se referência global na aplicação da neuropsicopedagogia em ambientes educacionais, consolidando uma visão em que ciência, fé e gestão caminham juntas para transformar vidas.
Ao olhar para sua trajetória, de adolescente no comércio da família a gestora de uma escola inclusiva, Eli Cascão mostra que a educação é mais do que transmissão de conhecimento, é construção de sentido e oportunidade de superação. Seu trabalho prova que, quando há clareza de processos, valores sólidos e ciência aplicada, cada criança pode florescer em seu tempo, do seu jeito e com a dignidade de ser reconhecida em seu valor único.